Enquanto isso a BP negligencia trabalho de recuperação do vazamentoMais uma plataforma de petróleo explodiu nesse dia 2 de setembro, no Golfo do México. Afirma-se que os 13 funcionários que trabalhavam conseguiram escapar “sem ferimentos graves”. A plataforma é a Vermillion Oil Rig 380, operada pela Mariner Energy.

Fontes informam também que até agora não há derramamento de petróleo, mas nada é garantido. Qualquer semelhança com o que vai acontecer na costa brasileira não é mera coincidência.

Apesar de todo o discurso sobre responsabilidade social e ambiental das “big oil”, as multinacionais petroleiras, elas negligenciam as questões de segurança, expondo constantemente os trabalhadores a riscos nas unidades operacionais.

As recentes denúncias feitas por trabalhadores no Norte Fluminense sobre as condições precárias de segurança das plataformas da Bacia de Campos de nada estão adiantando. Os “Geplates”, gerentes de plataforma, seguem escamoteando problemas graves, como corrosões generalizadas nas instalações e equipamentos.

Não podemos esquecer
As autoridades americanas avaliam que 780 milhões de litros de óleo foram derramados Golfo do México antes que a BP conseguisse, em 15 de julho, interromper o vazamento. Estima-se que somente 127 milhões de litros foram removidos pelas operações de despoluição.

A BP e o governo norte-americano querem dar a impressão que a gigantesca maré negra foi volatilizada. Mas centenas de quilômetros de costa estão poluídas e milhares de aves continuam banhadas de óleo, o efeito da poluição se manterá sobre ovos e larvas de fauna marinha, peixes, caranguejos e camarões. As conseqüências vão durar por anos, talvez décadas. O petróleo ficou enterrado na areia e nos sedimentos.

Alem disso, cientistas estão alarmados com a toxidade dos produtos dispersantes empregados pela BP em quantidade muito elevada. Estes produtos atuam como os sabões, fracionando o óleo em finas gotículas repartidas por toda a coluna de água. A companhia de petróleo utilizou cerca de 7 milhões de litros desse produto químico – o Corexit, ele é produzido pela Nalco, que tem em seu conselho de administração executivos da Exxon e da British Petroleum. Isso é um dispersante feito para a indústria petroleira para ser vendido para ela mesmo.

Pesquisadores acreditam que a mistura desses dispersantes com petróleo é mais nociva para os ecossistemas que o petróleo puro. O Corexit é um dos dispersantes mais tóxicos e menos eficientes para enfrentar derramamentos de óleo cru. Mas a BP e as grandes empresas petroleiras o utilizam porque ele evita que a mancha de petróleo suba à superfície. Este dispersante mantém o petróleo debaixo d’água, longe do olho nu e visão de satélite.

Quando se usou o Corexit no derramamento da Exxon Valdez, vários voluntários sofreram infecções e problemas de saúde. A Agência Americana de Proteção Ambiental (EPA), pediu à BP que reduzisse em 75% o uso de agentes dispersantes. Mas a BP obteve uma liminar que lhe concedeu o direito de uso dos dispersantes por um período de mais 48 dias.

Mesmo que a BP encontrasse um método que funcionasse, a limpeza no melhor cenário removeria 20% do óleo derramado. Somente 8% do petróleo bruto foi recuperada na limpeza Exxon-Valdez.

Degradação da costa brasileira
Com o novo Marco Regulatório proposto pelo governo Lula, que mantém a quebra do monopólio na exploração de petróleo, acidentes como este ocorrerão em áreas como a Baía da Guanabara e no litoral norte paulista. Praticamente metade do óleo processado no país será desembarcada no terminal da Petrobrás em São Sebastião e depois encaminhado às refinarias.

Entre São Mateus (ES) e Itajaí (SP) há 33 cidades de maior porte que estão de frente para a camada pré-sal, sendo que várias delas receberão bases terrestres de apoio às atividades de prospecção e produção de óleo no alto-mar. Serão afetadas cidades como Santos, Guarujá, Itanhaém, Rio e Niterói. Tudo isso operado pelas multinacionais do petróleo que não estão nem aí para as condições de segurança e meio ambiente, somente querem saber de seus lucros.

Farsa das indenizações
Morreram 11 trabalhadores na plataforma e há mais de 20 mutilados no acidente da BP. Na operação de limpeza, mais 2 trabalhadores morreram em acidentes.

Logo após a explosão de Deepwater, os trabalhadores sobreviventes foram mantidos em isolamento, e a direção da empresa fez com que renunciassem ao seu direito de demandar contra ela. A BP conscientemente e constantemente coloca seus funcionários em risco.

Os operadores de barcos pesqueiros que trabalham na costa sul do Mississipi e do Alabama estão realizando protestos contra os procedimentos de pagamento da BP. A contaminação causa e continuará a causar desemprego e perda de receitas.

Somados, os prejuízos para a economia podem chegar a mais de US$ 1,6 bilhão (R$ 2,9 bi). O Estado de Louisiana ainda gastou cerca de US$ 350 milhões (R$ 638,9 milhões) em barreiras de contenção.

E a BP até hoje não pagou as indenizações para os trabalhadores, nem para os comerciantes. O fundo especial de US$ 20 bilhões para cobrir as indenizações relacionadas ao vazamento ainda está no papel. Enquanto isso Obama continua a bancar a multinacional do petróleo afirmando: “Estou absolutamente confiante de que a BP vai ser capaz de cumprir suas obrigações no golfo e com o povo americano”.

Imagine se um novo governo, seja do PT seja do PSDB, não fará a mesma coisa com as multinacionais, depois que FHC quebrou o monopólio da exploração do petróleo e Lula manteve e aprofundou este processo? A defesa da costa brasileira é a volta do Monopólio e uma Petrobras 100% estatal.