Mãe e filho assassinados e o principal suspeito é o marido.

Assassinatos de mãe e filho revelam que machismo ainda está fortemente presente na nossa sociedadeNa Zona Sul de Porto Alegre, em um bairro de classe média alta, uma mulher de 39 anos e seu filho de 5 foram brutalmente assassinados a facadas. Seus corpos foram encontrados pela polícia e familiares na manhã do dia 26 de julho. O principal suspeito é o marido. Ele tentou se suicidar ao se jogar de uma ponte, por volta das 23h do dia 25, e foi internado em um hospital da capital. Em um bilhete deixado pelo marido, ele justifica o crime: “’Ela sabia que se colocasse guampa, acabaria em uma tragédia.”

Temos acompanhado frequentemente pela mídia os inúmeros casos de mulheres agredidas, espancadas, violentadas ou mesmo assassinadas, em sua maioria pelos próprios companheiros com quem conviviam.

A notícia de mais uma mulher brutalmente assassinada, em uma fúria machista, mais uma vez nos chocou. A enfermeira da prefeitura de Porto Alegre e seu filho de cinco anos foram mortos a facadas, dentro de sua casa. Todas as evidências não deixam dúvidas de que foi o próprio companheiro, de mais de 15 anos de convivência, o autor dos homicídios.

A violência doméstica ainda é um crime silencioso, sustentado pelo medo, submissão e desamparo das vítimas, que deixa sequelas e desmoraliza as mulheres, fragilizadas e expostas pela violência cotidiano da classe trabalhadora, oprimida e explorada. Pesquisas mostram que uma mulher é assassinada a cada 2 horas e outra é vítima de agressão a cada 12 segundos.

A lei Maria da Penha é insuficiente na medida em que só a sua existência não viabiliza de fato segurança e suporte para as mulheres que sofrem violência. A política do governo federal, mesmo na figura de uma mulher, a Presidente Dilma, não garante o orçamento necessário para a lei. Em Porto Alegre, temos apenas uma delegacia para a mulher e uma casa-abrigo.

Nossa representação na câmara de vereadores estará a serviço da luta feminista e classista, estaremos junto com homens e mulheres da classe trabalhadora para combatermos o machismo, uma luta que precisa ser travada todos os dias em todos os lugares.

Não aceitamos que as mulheres vítimas de agressões e violências sejam responsabilizadas pelas atrocidades cometidas todos os dias em nome da família ou da moral. Nossa sociedade hipócrita responsabiliza o oprimido pela opressão, não há justificativa aceitável para um assassinato cruel e covarde.

Neste momento, nos solidarizamos com a família e amigos da enfermeira Márcia e seu filho Matheus, que representam, neste momento, as vítimas da ideologia machista. Ideologia esta que, todos os dias, destrói vidas de inúmeras mulheres, inferiorizadas como se fossem propriedades dos homens.

Rejeitamos a mídia sensacionalista que mais uma vez culpa as vítimas pela agressão e menospreza as atrocidades cometidas no âmbito familiar. Repudiamos qualquer menção que justifique a violência e o assassinato destas vítimas. Defendemos que o assassino, cruel e covarde, seja exemplarmente punido e que o absurdo de tal fato não seja minimizado por qualquer justificativa. É necessário frisar quem é o agressor e quem são as vítimas. Infelizmente, desta vez, as vítimas estão mortas.