O país assistiu estarrecido mais uma atitude brutal ocasionada pelo machismo. A garota Eloá foi rendida por seu ex-namorado Lindemberg Fernandes Alves, 22 anos, no dia 13 de outubro, e feita refém por quatro dias em um apartamento em Santo André, Grande São Paulo. Lindemberg, segundo colegas, não aceitava o fim do namoro. No pior estilo da lógica machista do tipo “se não é minha, não é de ninguém”, o jovem resolveu dar cabo a vida de Eloá. Baleada na cabeça, ela não resistiu e teve morte cerebral confirmada na noite do dia 18.

O caso de Eloá, infelizmente, está longe de ser isolado. É parte de uma triste realidade de centenas de mulheres – muitas delas anônimas – vítima de femicídio praticado pelos seus cônjuges ou ex-namorados. Esse foi o caso de Rosineide da Silva Alves, de 34 anos, assassinada em Recife no último dia 10 pelo seu ex-marido que não aceitou a separação. Em Pernambuco a violência é a principal causa de mortes entre as mulheres.

O pior de tudo é que há uma indisfarçável complacência quanto com este tipo de crime sórdido. Talvez isso explique a mais completa falta de preparação da invasão da polícia ao apartamento. O comandante da operação disse na TV que queria evitar um desfecho trágico para um “rapaz apaixonado” que estaria cometendo uma “grande besteira”. Mas o comandante não pensou duas vezes em permitir o retorno de Nayara, amiga da vítima, ferida com um tiro no rosto disparado por Lindemberg. Afinal, a vida de duas mulheres era tão descartável assim?

Sem dúvida alguma, a omissão, a incompetência e os enormes erros cometidos pela polícia contribuíram para precipitar um desfecho trágico. O mais grave, porém, foi à própria invasão da polícia ao apartamento. O comandante da operação justifica a invasão após ter ouvido um suposto disparo de arma de fogo no apartamento onde as duas jovens eram mantidas reféns. Peritos, no entanto, dizem que é possível identificar quatro tiros. Todos disparados após a entrada da polícia no apartamento. Foi indisfarçável a improvisação de toda ação. Mesmo a escada utilizada pelos policiais para invadir o apartamento era curta demais e não atingia a janela.

Como se não bastasse, horas depois mais um erro foi cometido com a divulgação “precipitada” de uma nota a imprensa informando o falecimento de Eloá.

A única forma de frear os assassinatos machistas é a luta. A impunidade só aumenta um ciclo de violência contra as mulheres. As Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher e toda ladainha dita pelos políticos não passaram de pura propaganda dos governos federal, estaduais e municipais e não se mostraram minimamente eficazes em, ao menos, reduzir os índices de violência contra a mulher.

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