Governo libera mais dinheiro a montadoras e empresasDiante do agravamento da crise, o governo anuncia quase que diariamente novas medidas para ajudar bancos e empresas. Além da liberação do compulsório para bancos, o governo também concede linhas bilionárias de financiamento para empresas.

No dia 6, o ministro Guido Mantega divulgou novos incentivos para estimular a economia. No total, o pacote de bondade do governo chega a quase R$ 20 bilhões.

Além dos já anunciados R$ 4 bilhões do Banco do Brasil para os bancos das montadoras concederem crédito para a compra de veículos, o BB dará mais R$ 5 bilhões às pequenas e médias empresas.

Já o BNDES vai liberar mais R$ 10 bilhões para garantir capital de giro e crédito às empresas, principalmente para as voltadas a exportação. O banco deve receber dinheiro do governo para garantir esses recursos às empresas.

Outra medida do governo é a prorrogação de um mês para receber impostos das empresas, como PIS e Cofins. De acordo com o próprio governo, tal medida atrasa a entrada de R$ 20 bilhões no orçamento público.

O pacote do governo Lula agradou os empresários. “Com tudo o que está sendo feito pelo governo, eu tenho orgulho de ser brasileiro”, chegou a declarar um efusivo Abílio Diniz, dono da rede de supermercados Pão de Açúcar.

Financiando o desemprego
As montadoras no país estão em crise e pedem ajuda. No entanto, as remessas de lucros para as matrizes no exterior não cessam. Chegaram a 4,8 bilhões de dólares, ou cerca de R$ 10 bilhões, entre janeiro e setembro. Ou seja, enquanto recebem R$ 4 bilhões do governo, enviam mais do que o dobro para suas matrizes e ensaiam demissões.

O crédito liberado agora pelo governo, em tese, deveria ter sido concedido pelos bancos quando o governo alterou as regras do compulsório, liberando algo em torno de R$ 160 bilhões aos bancos. Os banqueiros, porém, ao invés de converter essa ajuda em crédito, preferiram embolsar o dinheiro, investindo em títulos da dívida para lucrar com os altos juros do próprio governo.

Para o governo, no entanto, não tem problema. Se os bancos não liberam recursos, ele libera. Na democracia do governo Lula, não só os lucros dos empresários estão garantidos. Dos banqueiros também.

Os únicos que ficam de fora são os trabalhadores e a grande maioria da população. O governo já estima que o Orçamento de 2009 será cortado em R$ 15 bilhões. Isso dá mais que os gastos com o programa Bolsa Família de 2008, de R$ 10 bilhões. Bem menos, porém, que a ajuda anunciada pelo governo nos últimos dias.

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