Uma mega-marcha tomou conta da capital dos EUA

Mega-marcha tomou a capital dos Estados Unidos no sábado, dia 24 de setembroNa maior manifestação desde o começo da guerra no Iraque, mais de 200 mil pessoas, segundo analistas, tomaram o centro de Washington, exigindo o fim da guerra e mais recursos para os desabrigados nos Estados do Golfo do México.

Veteranos desta e de guerras passadas, parentes de soldados, sindicalistas, estudantes, professores, “avós furiosas“, feministas, ativistas de solidariedade com diversos países, manifestantes anti-globalização, anarquistas, pacifistas, freiras, religiosos pacifistas, líderes comunitários, representantes de grupos árabes dos Estados Unidos, afro-americanos, latinos, a imagem de Che Guevara, a imagem de Emiliano Zapata, a foto do subcomandante Marcos em uma camiseta, o símbolo da paz. Estas são algumas indicações da diversidade neste ato contra a guerra.

Cindy Sheehan, mãe de um soldado morto no Iraque e que tem ressucitado e ampliado este movimento, marchou ao lado do reverendo Jesse Jackson e do líder popular Jim Hightower. Entre outros, participaram o ex-procurador-geral Ramsey Clark, o cantor Joan Báez, o reverendo Al Sharpton e Etan Thomas, estrela do basquete profissional, da equipe Wizards, de Washington.

“O povo dos Estados Unidos começa a se rebelar. A força de um furacão não será nada comparada com a tormenta de protestos que se dirige diretamente à Casa Branca“, declarou Hightower, no festival que se realizou ao final da marcha.

Indígenas do povo Lakota Sioux, de Dakota do Sul, com seu xamã, vieram para oferecer uma manta com o símbolo da estrela “da manhã“, com a qual tradicionalmente se reconhece a valentia, e a colocaram sobre Cindy Sheehan.

Dentro da manta, asseguraram, há orações para todos os que têm filhos ou filhas no Iraque.

Uma corda muito extensa, trazendo o retrato de cada soldado norte-americano morto no Iraque, com nome e lugar de nascimento, passou como uma serpente pela marcha.

Faixas, mantas, bandeiras e camisetas mostravam um mosaico de exigências, mensagens, ira, esperança: “Bush mente, e as pessoas morrem“, “Cedar Falls, Iowa, pela paz“, “Voltemos para casa, agora“, “Alabama está perdendo muitos de seus filhos nesta guerra“, “Guerra de homens ricos, sangue de homens pobres“, “Elege-se um louco, resultado: a loucura“.

A marcha passou diante da Casa Branca e seguiu um trajeto pelo centro da capital até o monumento a Washington, onde dezenas de milhares celebraram até a madrugada em um festival, batizado Operação Cessar-fogo.

O músico Steve Earle evocou a história de um jovem pobre, com o estribilho de “apenas outro jovem pobre para lutar na guerra dos homens ricos“.

The Coup, grupo de hip hop, e Joan Báez, que, ainda um jovem cantor, converteu-se em uma das vozes mais conhecidas no movimento contra a guerra do Vietnã, e vários outros artistas continuaram rompendo o silêncio oficial de Washington ao dar eco nacional às correntes dissidentes contra a guerra e as políticas econômicas e sociais do governo Bush.

Os organizadores anunciaram que haviam 300 mil manifestantes, mas a polícia calculou em 100 mil. No dia seguinte, durante todo o domingo, continuarão as atividades e fóruns, e na segunda-feira, 26, serão realizadas ações de desobediência civil em volta da Casa Branca, entre outras atividades.

Ainda que grupos pró-guerra e simpatizantes de Bush tenham ameaçado com uma contra-manifestação, não chegaram a concentrar mais de 150 pessoas, e apenas unas poucas dezenas de pessoas se apresentaram para gritar em favor de Bush enquanto passava a mega-marcha.

Bush abandonou a capital com o pretexto de coordenar a resposta federal à ameaça do furacão Rita, ainda que alguns observadores consideraram que o motivo real tenha sido evitar a tormenta nestas ruas.

Em São Francisco realizou-se uma marcha paralela, com dezenas de milhares de manifestantes que exigiram o fim da ocupação de Iraque e do Afeganistão e o retorno das tropas norte-americanas.

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