Diversas categorias do funcionalismo público federal, estadual e municipal paralisaram nesta quarta-feira. O mesmo aconteceu com os rodoviários de Ananindeua e Marituba, na Grande Belém, que cedo bloquearam o eixo viário que liga Belém a outros distritos e municípios. Já na BR-316, que liga a capital paraense ao restante do país, próximo à cidade de Castanhal, 350 estudantes da Escola Agrotécnica fecharam a estrada e depois caminharam até o ministério público.

No município de Tucuruí, os trabalhadores bloquearam a rodovia PA-263, ocuparam a sede da hidrelétrica de mesmo nome, maior hidrelétrica totalmente nacional. Em outras cidades, também houve manifestações. Em Irituia, foi programado bloqueio de rodovia e em Paraupebas houve passeata dos professores.

Os operários da construção civil de Belém paralisaram os canteiros das obras e, iniciaram uma passeata com aproximadamente 2.500 trabalhadores, recebendo posteriormente apoio de uma delegação dos operários da construção civil de Barcarena.

Repressão da polícia do PT
Logo pela manhã, os rodoviários já haviam sido reprimidos, mas foi contra os operários da construção civil que a PM do governo Ana Júlia (PT) concentrou suas bombas. O batalhão de choque tentou impedir a manifestação atirando balas de borracha, gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e gás de pimenta. Um trabalhador foi preso e seis pessoas ficaram feridas, ente elas uma criança, dispersando uma parte da passeata.

Mesmo assim, a maioria permaneceu na rua e forçou a PM a liberar o dirigente sindical que havia sido preso. Em seguida, os trabalhadores se dirigiram ao sindicato patronal, forçando uma abertura de negociação em torno da campanha salarial da categoria.
Os demais trabalhadores e estudantes uniram-se à construção civil e prosseguiram em passeata. A PM estimou em 5 mil pessoas o número de participantes.

Uma equipe de agitação puxada pela juventude do PSTU, intervenções e palavras-de-ordem contra o governo Lula e suas reformas animaram os manifestantes. Estiveram presentes, além de dezenas de sindicatos e entidades estudantis, uma coluna do MST e uma delegação de trabalhadores rurais ligados à Conlutas e, ainda, diversas entidades gerais: Andes, Fasubra, Condsef, Sinasef, Conlute e DCEs. O ato foi Coordenado pela conlutas e intersindical.

Em determinado momento os mais de 1.500 operários da construção civil que ainda permaneciam na manifestação se separaram do ato principal e, fechando as ruas, caminharam rumo à sede do sindicato para fazer uma assembléia geral. Quando se aproximavam do local a PM iniciou nova repressão. Os trabalhadores resistiram jogando pedras e outros objetos. Pelo menos cinco operários ficaram feridos por balas de borracha. Após o enfrentamento, a categoria se reuniu em frente ao sindicato, bloqueando a rua por mais uma hora.

Ato encerra jornada chamando para a luta
O ato principal continuou a programação previamente acertada e caminhou até o Ministério da Fazenda, onde discursaram algumas entidades gerais e PSOL e PSTU. Falando em nome da Conlutas, entidade que esteve à frente da organização do ato, Atnágoras Lopes, destacou não apenas a importância e papel cumpridos pela Conlutas, mas, também, as greves e lutas em curso. Ele denunciou a repressão da polícia do PT e disse que foi uma vitória construir em unidade o maior ato dos últimos anos em Belém.

Abel Ribeiro, falando pelo PSTU, lembrou que este partido já há muito alertara que Lula trairia os trabalhadores governando para a burguesia e que o chamado feito no início do primeiro mandato de Lula permanece válido ainda hoje: ir às ruas para defender nossos direitos.