Manifestantes em frente à sede do governo do RS
Cícero Vargas

Esta manifestação reuniu vários setores do movimento social. A já tradicional Marcha dos Sem, que acontece anualmente na capital gaúcha, teve sua 13º edição, denunciando a criminalização dos movimentos sociais e a crise dos alimentos.

Na parte da manhã, aconteceu um seminário sobre a crise dos alimentos. O PSTU usou a palavra para mostrar que a luta contra o imperialismo tem de ser uma luta de classe contra classe. Diante da crise econômica, é necessário defender a estatização do sistema financeiro e o fim da remessa de lucros para o exterior.

Vera Guasso falou pela Conlutas. Ela lembrou que a fome no Haiti só piora com a ocupação militar e que é preciso lutar pelo fim da ocupação e pela retirada das tropas brasileiras. Diante da alta dos alimentos e de seu uso para a especulação, Vera defendeu que os trabalhadores exijam de Lula o congelamento dos preços dos alimentos.

Ainda pela manhã, ocorreu também uma passeata da Via Campesina junto com outros setores urbanos. O protesto pela soberania alimentar, também realizado em diversas capitais do país, foi até o estacionamento de uma das lojas da rede de supermercados norte-americana Wall Mart. Um piquete dos bancários no prédio central do Banrisul foi atacado por uma forte repressão policial, que deixou feridos entre os trabalhadores em greve.

À tarde, ocorreram duas concentrações. Uma chamada pela Via Campesina no Parque da Redenção e outra pelo CPers-Sindicato, entidade que representa os professores do ensino estadual. Esta última reuniu os servidores públicos estaduais em frente ao Centro Administrativo do estado.

A Conlutas organizou sua coluna na concentração junto ao CPers. Após os atos iniciais, as duas concentrações se encontraram e somaram mais de 3 mil pessoas numa das maiores manifestações dos últimos tempos na capital gaúcha.

Repressão brutal
Quando os manifestantes chegavam ao seu destino, o Palácio Piratini, sede do governo do Estado, a Tropa de Choque da Polícia Milita, comandada pelo coronel Mendes, impediu o carro de som de chegar até local onde sempre acontecem os atos na cidade. Após barrar o caminhão, a PM reprimiu violentamente a manifestação com bombas de gás, tiros de balas de borracha e cacetadas. O saldo da brutalidade foi 10 manifestantes com ferimentos sérios. Uma professora teve ferimentos que podem levar à perda de parte do seu pé.

Depois de muita pancadaria e negociações, as falas finais do ato continuaram sendo feitas no carro de som em frente ao palácio. Em nome da Conlutas, falou Vera Guasso, que lembrou que a repressão que acontecera ali é a mesma que atormenta todos os dias o povo haitiano. Por isso, temos de lutar contra a ocupação e exigir a retirada das tropas brasileiras daquele país.