Mesmo com a minoria dos votos, direção fica com todos os cargosNos dias 10 e 11 de março foram realizadas as eleições para os diretores de base (direção plena) do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, região da grande São Paulo.

São 95 empresas que escolheram os mais de 200 diretores de base em uma eleição de dois turnos. No primeiro turno a votação é proporcional, mas as chapas concorrentes devem obter no mínimo 33% dos votos válidos para comporem a diretoria.

No segundo turno, escolhem-se os membros da executiva e, nessa eleição, não tem proporcionalidade. Só pode concorrer quem foi eleito no primeiro turno, ou seja, quem passou pelo funil.

Na Volkswagen concorreram três chapas. A Chapa 1, ligada ao atual ministro e ex-presidente do sindicato e da CUT Luiz Marinho; a Chapa 2, ligada à Conlutas /Intersindical e independentes e a Chapa 3, racha da direção do sindicato encabeçada por dois membros da comissão de fábrica, Airton da ala 14 e Reginaldo, da ala 5.

A eleição foi marcada por acusações, ameaças e todos os tipos de baixaria entre as chapa 1 e 3.

Distorção nos números
Dos 4.868 votos válidos, a chapa 1, da direção do sindicato, ficou em minoria na base, com 2.368 ou 48,64%. Os votos das chapas de oposição somaram 2.500, mais de 51% dos votos. A chapa 2 obteve 1.158 votos ou 23,75% e a chapa 3 somou 1.342 ou 27,57% dos votos.

Os números não deixam dúvida que existe uma distorção. A totalidade dos cargos ficou com a chapa 1, que é minoria no total dos votantes. Tal distorção é criada porque as outras chapas não conseguiram, individualmente, 33% dos votos.

A eleição se deu, porém, sobre a base de um fato novo da realidade. Pela primeira vez a direção histórica do ABC (Articulação Sindical, corrente de Lula, Marinho e Feijoó) rachou. A divisão deve-se aos acordos de parceria feita pela chapa 1 com a empresa como: demissão, redução salarial e banco de horas. Soma-se a isso as disputas internas com relação às próximas eleições municipais.

Votação
A votação expressa a divisão que existe no interior dos diversos setores da fábrica. Os locais de trabalho são dirigidos pela comissão de fábrica. Quem dirige a comissão no setor obteve a maioria dos votos.

A chapa 1 obteve a maioria dos seus votos nos setores médios da fábrica, como ADM (mensalista), ala 17 (engenharia), ala 8 (ferramentária) e na ala 1/3 (setor da estamparia).

Já a chapa de oposição, ligada à Conlutas/Intersindical, ganhou na alas de produção, onde se solda o carro chamado de armação, na ala 13, pintura e obteve um expressiva votação na ala 1/3 estamparia. O mesmo aconteceu com a chapa 3 ganhou nas ala produtivas ala 14 montagem final e na ala 5 usinagem.

Desconfiança
Outro fato revelante nessa eleição foram as férias coletivas para 1.400 trabalhadores, que começou no dia da eleição. Os trabalhadores que saíram em coletiva, coincidentemente, eram ligadas às áreas da produção dirigidas pela oposição como: as alas 14, 13, 2/4.

A Volks sabia um mês antes da data da eleição e, mesmo assim, manteve a coletiva no dia da eleição, esvaziando esses setores.

Existe um sentimento entre o ativismo de que a manobra da empresa se deu em aliança com a direção do sindicato para reduzir o número de trabalhadores no dia da votação nos locais dirigidos pela oposiçaõ.

“Mesmo com todas essas manobras, a oposição saiu de cabeça erguida, pois enfrentou a empresa o governo e todo tipo de sacanagem” disse Brandão, encabeçador da chapa 2. Já Rogério Romancini (Rogerinho) disse que “perdemos uma batalha, mas não perdemos a guerra… agora vamos manter o trabalhos nas áreas em que a oposição dirige as alas 2/4, 13 e parte da 1/3. bola para frente”.