Janira Rocha, deputada estadual eleita pelo PSOL-RJ, divulga texto e critica a lógica do ‘menos pior’ para o segundo turno. Já a maioria dos parlamentares do partido divulgou nota, com outros dirigentes nacionais, na qual defendem o voto crítico em Dilma e apontam a existência de ‘dois projetos’ no segundo turno. Mesmo sem assinar o texto, Luciana Genro parece ir pelo mesmo caminho. Pelo twitter, a atual deputada afirma: “Aos que perguntam sobre como votarei: não pretendo abrir meu voto, exceto para dizer SERRA NÃO!”. Veja abaixo as notas de Janira e da maioria dos parlamentares.

POR QUE VOTO NULO NESTE SEGUNDO TURNO
Hoje sou deputada estadual pelo Psol do RJ, mas antes de tudo sou uma lutadora e organizadora do povo e dos trabalhadores. Defino minhas posições políticas refletindo as batalhas vividas nas lutas de meu país nos últimos 30 anos, por isto o “voto útil” e o “menos pior” não balizam minhas posições.

A estratégia de Sociedade do Psol, confrontada com as estratégias do PT e do PSDB, seus Programas, sua Política Econômica inequivocamente identicas, suas alianças com o Capital especulativo, com a Grande Mídia e a deslavada Corrupção patrocinada contra os cofres públicos, é meu referencial para o Voto Nulo.

Lamento que setores importantes da Esquerda Brasileira se deixem pautar apenas pela Agenda Fundamentalista, pela necessidade de negá-la, e abstraiam que ela foi construída por setores burgueses que se escondem por trás de diferentes religiões e com ajuda da Grande Mídia, para nos manipular à esquerda ou a direita. Malafaia está com Serra e Crivella está com Dilma, ou ambos não são fundamentalistas com as mesmas posições sobre os temas sociais e morais que levam uma parte de nós a justificar seu “Voto Crítico”?

De Serra tivemos Privatizações, Arrocho Salarial, desmonte do setor Público, repressão contra o Movimento Social organizado; De Lula/Dilma tivemos tudo isto e mais a Cooptação dos pobres e dos mais importantes movimentos Sociais – MST,UNE,CUT etc – o que impõe um muro a capacidade de luta do povo para romper com as amarras capitalistas defendidas pelos dois Governos PSDB/PT, que são saudados por todos os Imperialistas como duas faces de uma mesma moeda.

Depois de 30 de outubro, o que estará na pauta será a Reforma da Previdência aumentando o tempo de contribuição dos trabalhadores para 75 anos, serão as Privatizações, As concessões vergonhosas do Pré-Sal para as Grandes Empresas Internacionais, será a continuidade dos Arrochos salariais, os Acordos com os grandes Latifundiários para não fazer A Reforma Agrária e Continuar desmatando a Amazônia; será o loteamento dos Cargos Públicos entre a Canalha Política Burguesa e a crescente Corrupção.

Seja Serra, seja Dilma, esta será a pauta!
Como sempre pautei minha ação política pelos passos que dei no campo das lutas pela construção de uma Sociedade diferente desta que vivo, não tenho condições políticas e morais de fazer esta escolha entre Serra e Dilma, por isto Voto, junto com os companheiros do meu coletivo, NULO.

Respeito o posicionamento de meus companheiros do Psol que fazem outro voto, saúdo a Executiva Nacional, que entendendo o processo do Partido, liberou seus militantes para expressarem suas opiniões divergentes; mas neste momento estou do lado daqueles que não querem ter nenhum tipo de compromisso, mesmo que seja crítico, com nenhuma da opções que estão colocadas. Quando for a rua novamente para defender a Previdência Pública quero estar com meu coração livre de arrependimentos para poder ter mais força para lutar.

Rio de Janeiro, 16 de outubro de 2010.

JANIRA ROCHA – DEPUTADA ESTADUAL PSOL/RJ

FONTE: http://portalcabo.com.br/2010/10/18/janira-rocha-fala-por-que-vota-nulo-neste-segundo-turno/


Voto crítico em Dilma: nota de parlamentares e dirigentes nacionais do PSOL

Entre dois projetos (Dilma X Serra)

Os 776.601 eleitores que votaram em candidatos do PSOL aos governos estaduais, os 886.816 que teclaram, convictamente, Plínio 50, os mais de 1 milhão que optaram por candidatos a deputado de nossa legenda e os mais de 3 milhões que escolheram candidatos ao Senado do Socialismo e Liberdade não precisam de ‘tutores’: são livres, têm espírito crítico e votam, sempre, de acordo com sua consciência. Os nossos mandatos, daí derivados, serão exercidos, portanto, com total independência em relação aos Executivos e na defesa radical dos interesses populares, sem adesismos e sem negação de fronteiras éticas e ideológicas. Aos poucos, o PSOL, ainda incipiente, se afirma como partido com visão singular, combinando o embate eleitoral e a presença na institucionalidade com a valorização dos movimentos sociais, dentro de sua definição estratégica de ressignificação do socialismo.
[clique aqui para ler a íntegra]

1. Partido Político digno do nome também deve se posicionar sobre momentos conjunturais, dando assim sua contribuição para a análise da situação e para a definição de voto da cidadania. Quando a manifestação política for emergencial, limitando, por questão de tempo, o processo democrático de discussões desde a base, que ela seja tomada pela Direção, por óbvio sem qualquer caráter impositivo, até pelas razões apresentadas acima.

2. O 2º turno das eleições presidenciais, a ser realizado no dia 31 próximo, coloca em confronto dois projetos com muitos pontos de aproximação: o representado por Dilma (PT/PMDB e aliados) e o representado por Serra (PSDB/DEM e aliados).

3. As classes dominantes no Brasil – que exercem sua hegemonia nos planos econômico, político e de produção do imaginário social – não se sentem atingidas, em seus interesses estruturais, por nenhum dos dois. Mas preferem, clara e reiteradamente, o retorno do controle demotucano: a elas interessa mais o Estado mínimo e a privatização máxima da Era FHC do que a despolitização máxima e o Estado minimamente regulador do lulismo.

4. PSDB e DEM – para além da campanha ‘medieval’ coordenada pelo vice de Serra, que anuncia o ‘fim da liberdade de culto’ e outros obscurantismos com a vitória da ‘terrorista’ candidata petista – reprimem abertamente movimentos populares e não aceitam política externa que saia dos marcos do Império. Todo o setor de oligarquias patrimonialistas ou ‘neopentescostais’ que hoje gravita em torno de Lula rapidamente se bandeará para o lado de um eventual governo Serra, assim como os banqueiros, apesar de seus lucros extraordinários e inéditos no período recente. Serra presidente é o ‘sonho de consumo político’ do conservadorismo total, uma de suas principais bases de sustentação.

5. Por tudo isso, optamos pelo voto crítico em Dilma no dia 31 de outubro, afirmando desde já nossa forte cobrança programática* sobre o futuro governo nacional, qualquer que ele seja.

*Compõem nosso decálogo de prioridades: Reforma Política c/ Participação Popular e financiamento exclusivamente público de campanha; auditoria da Dívida Pública; Reforma Agrária; Reforma Urbana; meta de 10% do PIB na Educação e 2% para a Cultura já; mais recursos para a saúde pública (regulamentação da Emenda 29); combate sem tréguas à corrupção; garantia e ampliação dos direitos trabalhistas; democratização dos meios de comunicação; centralidade para uma política ambiental questionadora dos transgênicos, da privatização da gestão de florestas, da mega-usina Belo Monte, da transposição do anêmico São Francisco e da flexibilização do Código Florestal.

São Paulo, 15 de outubro de 2010, Dia do Professor – Reunião da Executiva Nacional do PSOL

ASSINAM: Deputados Federais Chico Alencar, Ivan Valente, Jean Wyllys, Senador eleito Randolfe Rodrigues, Deputado Estadual Marcelo Freixo, Vereador Eliomar Coelho, dirigentes nacionais Jefferson Moura, Milton Temer, Carlos Nelson Coutinho, Leandro Konder, José Luiz Fevereiro, Rodrigo Pereira, Miguel Carvalho, Edson Miakusco

FONTE: http://www.psolzonasul.org/2010/10/voto-critico-em-dilma-nota-de.html