Maiakovski declama para trabalhadores em 1930
Wilson Honório da Silva, da Secretaria Nacional de Formação do PSTU

O russo Vladimir Maiakovski (1893 – 1930), também conhecido como “o poeta da Revolução”, também foi dramaturgo e teórico. Revolucionário desde a juventude, Maiakovski ingresso, aos 15 anos, na ala bolchevique do Partido Social-Democrático Operário Russo, foi preso por onze meses, um ano depois, entre 1909 e 1910.

Militou incansavelmente pela Revolução de Outubro e, depois da conquista do poder pelos soviets, colocou sua arte a serviço da construção do socialismo, tanto durante o período da Guerra Civil quanto nas campanhas de propaganda e educação nos primeiros anos, através de desenhos e cartazes.

Em 1923, fundou a revista LEF (publicada pela Associação dos Trabalhadores da Frente de Esquerda da Arte), que reuniu escritores e artistas que, assim como ele, acreditavam que “não há conteúdo revolucionário sem forma revolucionária”. Lamentavelmente, o poeta foi vítima das traições do stalinismo, que impôs um regime totalitário, burocrático e reacionário também no campo das Artes, passando a qualificar seu trabalho como “incompreensível para as massas”, já que não seguiam as diretrizes oficiais para produção artística, ditadas pela tacanhice obtusa do “realismo socialista”, pregado por Stalin.

Diante da pressão e frustração com a degeneração da Revolução, Maiakovski se suicidou, em 1930. Em “O suicídio de Maiakovski”, Trotsky escreveu que o poeta foi “o mais corajoso de todos os que, pertencendo à última geração da velha literatura russa e ainda por ela não reconhecidos, procuraram criar laços com a Revolução (…). Nos combates do período de transição, ele era o mais corajoso combatente do verbo, e tornou-se um dos mais indiscutíveis precursores da literatura que se dará à nova sociedade”.

O primeiro poema abaixo, “Meu Maio”, escrito em 1922, celebra como, com a vitória revolucionária, depois da Revolução e da Guerra Civil, os trabalhadores e trabalhadoras poderiam comemorar uma “nova era”. O segundo, “Come ananás” (abacaxi, cuja origem nas Américas transformava em símbolo de status nas mesas da burguesia, assim como os perdizes, aves da família dos faisões), de 1917, sintetiza em dois versos o que os trabalhadores têm a dizer para seus inimigos de classe.

Meu Maio

A todos

Que saíram às ruas

De corpo-máquina cansado,

A todos

Que imploram feriado

Às costas que a terra extenua –

Primeiro de Maio!

Meu mundo, em primaveras,

Derrete a neve com sol gaio.

Sou operário –

Este é o meu maio!

Sou camponês – Este é o meu mês.

Sou ferro –

Eis o maio que eu quero!

Sou terra –

O maio é minha era!

Come ananás

Come ananás, mastiga perdiz.

Teu dia está prestes, burguês.

O alemão Bertold Brecht (1898 – 1956) foi poeta, teatrólogo, dramaturgo e teórico da cultura, filiado ao Partido Comunista Independente, e forte opositor do autoritarismo e da violência do regime stalinista. Suas peças, poesias e demais obras literárias são exemplares de uma arte dedicada às lutas, aos protestos e sonhos dos explorados, à rebeldia, à discussão sobre a Arte como instrumento para o despertar da consciência de classe e  dos ideais socialistas.

O primeiro poema abaixo, “A necessidade do Sindicato”, versa contra a burocratização das entidades e seu distanciamento das bases operárias. O segundo, “Perguntas de um trabalhador que lê”, de 1935, saúda os trabalhadores, e não os representantes das classes dominantes, como verdadeiros sujeitos da História.

A necessidade do sindicato

Mas, quem é o Sindicato?

Ele fica sentado em sua sede com o telefone?

Seus pensamentos são secretos, suas decisões

Desconhecidas?

Quem é ele?

Você, eu, vocês, nós todos.

Ele veste sua roupa, companheiro, e pensa com

A sua cabeça.

Onde você mora é a casa dele.

Luta!

Mostre-nos o caminho que devemos seguir e,

nós seguiremos com você.

Mas não siga sem nós o caminho correto.

Ele é, sem nós, mais errado.

Não se afaste de nós.

Podemos errar e você ter razão, portanto não se

afaste de nós!

Que o caminho curto é melhor que o longo,

ninguém nega.

Mas quando alguém o conhece e não é capaz

De mostrá-lo a nós, de que serve sua sabedoria?

Seja sábio conosco!

Não se afaste de nós!

Perguntas de um trabalhador que lê

Quem construiu Tebas, a cidade das sete portas?

Nos livros estão nomes de reis;

Os reis carregaram as pedras?

E Babilônia, tantas vezes destruída,

Quem a reconstruía sempre?

Em que casas da dourada Lima viviam aqueles que a construíram?

No dia em que a Muralha da China ficou pronta,

Para onde foram os pedreiros?

A grande Roma está cheia de arcos-do-triunfo:

Quem os erigiu? Quem eram aqueles que foram vencidos pelos césares?

Bizâncio, tão famosa, tinha somente palácios para seus moradores?

Na legendária Atlântida, quando o mar a engoliu, os afogados continuaram a dar ordens a seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou a Índia.

Sozinho?

César ocupou a Gália.

Não estava com ele nem mesmo um cozinheiro?

Felipe da Espanha chorou quando sua armada naufragou. Foi o único a chorar?

Frederico 2º venceu a Guerra dos Sete Anos.

Quem partilhou da vitória?

A cada página uma vitória.

Quem preparava os banquetes?

A cada dez anos um grande homem.

Quem pagava as despesas?

Tantas histórias,

Tantas questões