Há quem pergunte, observando a luta dos estudantes chilenos, onde está o movimento estudantil brasileiro. No Brasil, existe uma situação diferente da de países em que a juventude tem estado à frente de importantes lutas.

Mas, nas últimas semanas, o melhor caminho para responder àquela questão seria fazê-la aos estudantes nas reitorias ocupadas das universidades federais do Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo, Rio Grande do Sul ou a Fluminense. Ou, quem sabe, na Estadual de Maringá, ou Instituto Federal da Bahia. Ou, ainda aos estudantes das federais de São Paulo, Rio, Mato Grosso, Alagoas, ou de Teresina.

“Greve de estudante, servidor e professor”
Na Universidade Federal do Paraná (UFPR) há dez anos não havia uma greve geral. Neste ano foi diferente.

A greve estudantil iniciada em 4 de agosto deu mais força à greve de funcionários já em curso. Depois disso, também os professores decidiram parar. Compreendendo que a luta era uma só, as categorias se uniram para lutar contra o desmonte da universidade pública.
Era visível a frustração com a falta de condições para estudar e trabalhar. Um estudante chegou a dizer em assembléia: “Entrei aqui acreditando no ReUni, mas me decepcionei”. Não poderia ser diferente. Na UFPR a ampliação de vagas nos últimos anos foi de 37%, mas o crescimento das verbas foi de somente 20%.
No dia 26, sem qualquer resposta séria, o movimento ocupou a reitoria. Saiu de lá uma semana depois com inúmeras vitórias, como a promessa da construção de mais moradias estudantis e ampliação dos horários de funcionamento do restaurante universitário (RU).

Na Universidade Estadual de Maringá (UEM), o alvo imediato da luta foi a incapacidade do RU atender à demanda. Nas extensões da universidade, sequer existe restaurante. A razão disso?

Só em 2011 foram cortados 38% das verbas estaduais da educação.
Depois de muita enrolação, numa das reuniões com representantes estudantis, o governo de Beto Richa (PSDB) foi obrigado a recuar quando foi informado que duas mil pessoas faziam um ato de rua em apoio aos estudantes, funcionários e professores. Com a mobilização, o movimento estudantil colocou o
governador contra a parede, arrancando tudo o que reivindicava, inclusive a reversão do corte orçamentário. O governo estadual teve que se comprometer, inclusive, a enviar ao governo federal um documento solicitando 10% do PIB para a educação no Brasil.

De formas variadas, essas e as demais lutas em curso têm em comum os problemas surgidos da expansão com precariedade promovida pelos governos do PSDB e do PT. A tão propagandeada melhoria da educação no país perece não ter chegado justamente àqueles que trabalham e estudam nas escolas e universidades.

Post author Clara Saraiva, da Secretaria Nacional de Juventude do PSTU
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