A consciência de que a crise econômica internacional já tem reflexos no país está chegando aos trabalhadores brasileiros. O país não está vivendo uma recessão, mas uma desaceleração importante, com reflexos desiguais sobre os distintos setores.
Em uma parte da economia, segue o crescimento, como na construção civil. Aí pesa mais a radicalização pelos baixos salários, e a resultante está nas greves que seguem sacudindo o país. O funcionalismo federal está vivendo a maior greve unificada em muitos e muitos anos. 
 
Mesmo nesse setor, pode-se sentir os reflexos da crise internacional na dureza da patronal e do governo.

Em outros setores, como na indústria de transformação, já existem recuos importantes na produção, abrindo a possibilidade de um cenário recessivo setorial. As notícias de problemas em algumas fábricas já são conhecidas e comentadas. A mobilização da GM contra a ameaça de mais de 1.800 demissões é a principal luta defensiva dos empregos nesse momento.

Mobilizações como a do funcionalismo federal e a dos metalúrgicos da GM sintetizam dois momentos das lutas dos trabalhadores na conjuntura atual.
É importante que os ativistas dessas lutas reflitam sobre as tarefas políticas que surgem no atual momento do país.
 
O que joga a favor das lutas
A favor dos trabalhadores pesa a combatividade de suas lutas.
O funcionalismo federal, por exemplo, mostra sua mais importante greve unificada em muitos e muitos anos, que obrigou o governo a se mover. Pela primeira vez, o governo tem de sair de sua postura imperial de não negociar com setores em greve.
Os metalúrgicos da GM assumiram uma postura de luta ativa, bem superior a outros processos em que o medo do desemprego paralisou a mobilização.
 
A trava da consciência
Nem tudo joga a favor das lutas, no entanto. O principal limite dos trabalhadores está em sua própria consciência. Se você não sabe quem é seu inimigo, não saberá como lutar contra ele. E os trabalhadores, em sua ampla maioria, acham que o governo Dilma é um aliado.

Isso começa a mudar. Na greve do funcionalismo federal, o governo Dilma é diretamente o patrão contra o qual se choca toda a greve. A intransigência do governo tem levado essas dezenas de milhares de pessoas a uma experiência política.
No caso da GM, a situação é ainda mais delicada. O governo vem concedendo incentivos fiscais para as multinacionais (como a redução atual do IPI). Desconhecemos qualquer iniciativa do governo para beneficiar os trabalhadores. Em geral, o governo tem um lado que é a defesa dos patrões.

Como sempre dizemos, não existe na realidade a opção “governar para todos”. Ou se governa com os trabalhadores ou com os patrões. Mantega, o ministro do governo, passou a mão na cabeça da multinacional ao declarar que a GM não está demitindo mais do que contrata.

Os trabalhadores tinham, portanto, em uma situação defensiva, de se enfrentar contra  a multinacional e contra o governo. Houve duas paralisações de 24 horas, atos  e a ocupação da Dutra. Afinal se conquistou um acordo por quatro meses, que não é nenhuma maravilha, mas evitou a demissão imediata de 1.800 metalúrgicos.
Mas nada este resolvido. Se depender apenas do governo, depois dos quatro meses e do final da campanha eleitoral,  os trabalhadores estarão demitidos.

Temos de utilizar esses meses para uma grande campanha nacional que exija do governo e da multinacional a manutenção dos empregos dos trabalhadores.
 
Aprender com as próprias experiências
Hoje, o conjunto dos trabalhadores no país deve apoiar a greve do funcionalismo federal e a luta dos metalúrgicos da GM. E todos os sindicatos, entidades estudantis e populares do país devem se posicionar pela vitória dessas mobilizações. Muitas outras semelhantes vão ocorrer e é importante que sejam construídas a partir de exemplos vitoriosos, e não derrotados.

Além de lutar, é preciso tirar as conclusões necessárias. Os trabalhadores contam com a força de sua mobilização e lutam, não só contra os patrões, mas, também, contra o governo.
 
Um chamado aos lutadores
Queremos chamar a todos os trabalhadores que apoiam o governo a exigirem conosco que Dilma negocie com o funcionalismo federal em greve e assegure os empregos dos metalúrgicos da GM.

Nós, do PSTU, colocamos nossa campanha eleitoral a serviço das lutas dos trabalhadores. Nossos candidatos vão utilizar o pequeno espaço que temos na imprensa para defender os grevistas do funcionalismo (e das outras categorias) e os metalúrgicos da GM. Chamamos o PSOL e o PCB a fazerem o mesmo. E exigimos dos candidatos do PT que cobrem de seu governo uma solução para os conflitos.

E queremos fazer um chamado especial aos ativistas das greves do funcionalismo, das lutas contra o desemprego e de todos os conflitos que militam conosco. Queremos que lutem também no terreno político conosco, ajudando-nos na campanha eleitoral e se filiando ao PSTU.
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