O fim de ano é em geral um momento de reflexão para as pessoas. Muitos fazem o balanço do ano que passou e planos para o ano seguinte. Nós queremos convidar os trabalhadores e os jovens a fazer o balanço do governo Lula. E a pensar como que será o próximo mandato.

Nós respeitamos os trabalhadores e jovens que seguem acreditando no governo do PT. Essa é a posição da maioria dos trabalhadores do Brasil, que ainda acredita em Lula, por combinar o prestígio do dirigente sindical do passado com as pequenas concessões do crescimento econômico (Bolsa-Família, reajuste do salário mínimo, etc).

Mas é bom que neste fim de ano os trabalhadores reflitam sobre o que será o próximo governo. A maneira mais fácil de perder uma luta é se confundir sobre quem são seus aliados e quem são os inimigos. Lula é o inimigo, mas os trabalhadores só vão entender isso quando forem atacados.

Dois fatos poderiam servir de lição para quem ainda tem expectativas no governo. O primeiro é a mobilização dos controladores de vôo. A reação de Lula foi em tudo semelhante a um governo do PSDB. Militarizou o conflito, não atendeu a nenhuma das reivindicações dos controladores e a crise se mantém até o momento. Segue a insegurança nos vôos, continuam as más condições de trabalho e o baixo salário dos controladores.

O segundo é a privatização das estradas. Desmentindo sua campanha eleitoral no segundo turno, Lula vai privatizar as estradas federais, em mais um negócio da China para os grandes grupos empresariais, e é concreta a ameaça de pedágios caríssimos em todas as estradas.

Quem age assim com os controladores de vôo pode reagir da mesma forma a qualquer greve de trabalhadores. Quem privatiza assim, depois do debate eleitoral do segundo turno, vai trair as esperanças do povo, mais uma vez.
Existe um outro motivo para que os trabalhadores desconfiem desse governo. Foi o governo do PT que acabou com a independência da CUT, da UNE e do MST. Essas entidades deixaram de dirigir o movimento de massas para serem praticamente agentes do governo nos movimentos sociais.

Essa constatação também se aplica ao movimento negro. A maioria das organizações negras foi completamente cooptada pelo governo. O Dia Nacional da Consciência Negra foi transformado em uma série de atos a favor do governo Lula, como se a luta contra a opressão não passasse pela luta contra o governo.

Zumbi dos Palmares, símbolo do movimento negro, lutou contra a opressão racial, e para isso combateu o sistema colonial que era sua base. Para lutar contra o racismo hoje, é necessário acabar com o capitalismo e lutar contra o governo Lula, seu maior sustentáculo.

Não é possível atacar a opressão sobre os negros e apoiar o governo que vai fazer a reforma trabalhista. Essa reforma vai atacar os trabalhadores como um todo, mas particularmente os mais explorados, entre os quais se encontram os negros.

É chegada a hora de refletir sobre o que significou o primeiro mandato de Lula, porque é necessário se preparar para uma luta muito mais dura no segundo. Com a montanha de votos recebida no segundo turno das eleições, Lula sente-se com força para tentar aplicar um programa duro de reformas já em 2007. Será a hora de acabar com as ilusões e medir forças.

Para isso é necessário preparar a mobilização. A Conlutas lançou uma grande campanha contra as reformas neoliberais de Lula que está se transformando em seminários de explicação do tema em todas as capitais e principais cidades do país. Incorpore o sindicato, entidade estudantil ou movimento popular em que você atua nessa campanha.

Post author Editorial do Opinião Socialista 282
Publication Date