A campanha salarial dos trabalhadores da construção civil de Belém está a todo vapor. Na última assembleia, dia 9 de agosto, cerca de 1.500 operários rejeitaram a “proposta” dos empresários de reajuste salarial de apenas 5% e marcaram nova assembleia para o dia 23, com o objetivo de definir o início da greve, caso nossas reivindicações não sejam atendidas. Essa “proposta”, na realidade, não passa de uma brincadeira de mau gosto dos patrões. Nossa pauta é justa e legítima. Inclui reajuste de 16% nos pisos salariais, aumento no valor da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), cesta básica, plano de saúde, direito a delegado sindical de base, classificação e reserva de vagas para as mulheres nos canteiros de obra. Os empresários lucraram muito nos últimos anos. O mercado imobiliário de Belém está bastante aquecido. A cidade tem o quarto metro quadrado mais caro do Brasil.

Dois objetivos
Nesta campanha salarial, nossa categoria tem dois desafios que andam juntos. Primeiro, organizar os trabalhadores para realizar uma grande greve que paralise todos os canteiros de obra da cidade para derrotar a intransigência da patronal. Segundo, eleger o primeiro operário da construção civil vereador de Belém. Nossa classe entendeu que a luta por aumento de salário e melhores condições de trabalho caminha junto com a luta eleitoral, pois quem define o preço dos alimentos, da passagem de ônibus, quem faz as leis trabalhistas e quem diz quanto vai ser investido em cada área social são exatamente os políticos.

Nossa candidatura está a serviço da nossa campanha salarial e do fortalecimento das lutas de todas as categorias, como os servidores federais em greve e os estudantes que estão lutando contra o aumento da passagem de ônibus. Vamos levar para nossos programas de TV e caminhadas de campanha a realidade em que vivem os operários nos canteiros de obra e apresentar um programa de defesa de nossos direitos.

Belém para os trabalhadores
Só o PSTU tem coragem de defender a estatização do sistema de transporte, reduzindo o preço da passagem de ônibus e garantindo passe-livre para estudantes e desempregados. Nenhuma outra candidatura defende a ruptura com a Lei de Responsabilidade Fiscal e a criação de uma Lei de Responsabilidade Social que garanta dinheiro público para a saúde e a educação públicas. Só com pesados investimentos poderemos reduzir as filas nas unidades básicas de saúde, construir mais um pronto-socorro municipal, contratar mais profissionais e garantir medicamentos gratuitamente para a população.

Em relação à educação municipal, a prioridade da Prefeitura tem de ser a educação infantil, que é responsabilidade do município. 85% das crianças de 0 a 3 anos não têm acesso a creches públicas em nossa cidade, o que dificulta a vida da maioria dos operários e operárias que não têm onde deixar o seus filhos para poder trabalhar.
Nossos projetos e nossa luta na Câmara Municipal serão a favor dos trabalhadores e contra os interesses dos ricos e poderosos. Estamos apoiando Edmilson Rodrigues (PSOL) para prefeito porque queremos que ele governe a favor dos trabalhadores, mas nosso apoio a ele não é um cheque em branco.

Nosso mandato será um ponto de apoio para as mobilizações diretas de toda a classe trabalhadora, que são o principal meio para a real mudança na sociedade. Por isso, nossa candidatura também está a serviço da divulgação do socialismo.

Se somos nós, operários, que trabalhamos e construímos tudo o que existe, por que quem tem que lucrar, viver bem e governar são os patrões, que não trabalham e são uma pequena minoria na sociedade?

É uma tarefa nossa, dos operários e socialistas, disputar a consciência dos trabalhadores em luta para a construção de um projeto de sociedade socialista. Essa é a única maneira de garantirmos dignidade para quem trabalha e acabar com as injustiças sociais.
Post author Cléber Rabelo, candidato a vereador em Belém
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