Por terra, moradia, educação, emprego e salário dignos!Nos últimos três anos, apesar da criação da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, o governo Lula não avançou na solução dos problemas vividos pelas mulheres trabalhadoras e pobres. Pelo contrário, a reforma da Previdência, por exemplo, estipulou, dentre outras coisas, que as mulheres têm que trabalhar cinco anos a mais para que possam se aposentar. Isso quando se sabe que, adicionado o trabalho doméstico, as mulheres já possuem dupla jornada.

Seguindo mais uma vez a política do imperialismo, Lula pagou adiantados US$ 15,5 bilhões de dívidas ao FMI, às custas de um “reajuste” de 50 reais no salário mínimo. Este é um dado importante, pois de todos os brasileiros que recebem o mínimo, 53% são mulheres. E, se isso não bastasse, sabe-se também que o rendimento médio das mulheres é cerca de 35% inferior ao dos homens, sendo que 20,8% das famílias brasileiras são chefiadas só por mulheres.

Uma situação que se agrava entre as mulheres negras que, marcadas pela combinação de machismo e racismo, sofrem com a hiper-exploração capitalista, recebendo, em média, 55% a menos do que as mulheres não-negras.

Verbas que fazem falta
Todo o dinheiro gasto pelo governo Lula para “honrar compromissos internacionais” não tem como conseqüência apenas a defasagem salarial. Esse é também o dinheiro que deixa de ser investido em saúde, educação e moradia, ausências muito mais sentida pelas mulheres.

Sobre a saúde da mulher, a questão não se resume à descriminalização do aborto, projeto que está parado no Congresso. Segundo dados do próprio Ministério da Saúde, a cada duas horas uma mulher morre devido a complicações na gravidez, parto e pós-parto, em função das péssimas condições do sistema de saúde pública.

Já no que se refere à educação, dados do IBGE e do MEC de 2003 apontam que apenas 28,38% das crianças de 0 a 6 anos estavam matriculadas em creches e pré-escolas.

Exploração e opressão internacionais
A política neoliberal de Lula é a mesma aplicada por outros governos que, mundo afora, servem de capachos para o imperialismo e onde, também, a opressão da mulher é um instrumento a mais do capitalismo para aprofundar a exploração. Por isso mesmo, hoje, quando o capitalismo avança em ofensivas cujas principais faces são a guerra e acordos recolonizadores (como a Alca), não é à toa que situação das mulheres esteja piorando.

Dentre a população mais pobre do mundo, cerca de 70% são mulheres. Nos últimos 20 anos, o número de mulheres que vivem abaixo da linha de pobreza cresceu 20% e dados demonstram que, só na América Latina e Caribe, a taxa média de desemprego feminino é de 10,1%, contra 6,7% entre os homens.

Se a marginalização da mulher é um instrumento de exploração capitalista, é preciso que a luta contra a opressão também seja uma luta anticapitalista!

Só há conquista com lutas
Por uma Frente Classista e Socialista, nas lutas e nas eleições

Diante de tudo isso, não temos dúvida de que uma política conseqüente contra a opressão machista só pode ser construída numa luta que também se volte contra o governo e o capitalismo.

Não dá para lutar pelos direitos femininos de braços dados com o governo Lula e seus aliados, algo que foi comprovado, de forma inquestionável, nos últimos anos. A CUT e Força Sindical se incorporaram ou apoiaram o governo incondicionalmente, apesar dos incessantes ataques à classe trabalhadora. Já as mulheres de secretarias ou coletivos de partidos como PT e o PCdoB, e entidades do movimento sindical ou movimentos feministas apoiaram suas políticas. O resultado disso é mais exploração e miséria para as mulheres.

Esse é um dos motivos que colocam para a ordem do dia o chamado por uma Frente Classista e Socialista para as lutas e para as próximas eleições. Esse é um chamado ao PSOL e a todos os lutadores e lutadoras que acreditam que só com independência de classe é que podemos transformar a sociedade.

É necessário, e urgente, a construção de uma alternativa de direção para a classe trabalhadora no país. É preciso que as trabalhadoras se organizem na Conlutas e Conlute, participem do Congresso Nacional dos Trabalhadores (Conat) e construam, juntamente com os demais trabalhadores e oprimidos, uma luta classista e feminista!

* Colaborou Ana Minutti, da Secretaria de Mulheres do PSTU.

Post author Yara Fernandes, da redação*
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