Os quatro ativistas uruguaios, que tinham sido presos por ter participado de uma manifestação contra a presença de Bush na América Latina e contra o Tratado de Livre Comércio assinado pelo presidente desse país com os EUA, foram libertados no dia 6 de dezembro, véspera do Dia Internacional dos Direitos Humanos. Lílian Bogado, 50 anos, Fiorella Josendez, 21, Cláudio Piñeiro, 24, e Ignácio Corrales, 21, ficaram 35 dias encarcerados, acusados de ser anti-imperialistas e anti-capitalistas.

Os quatro foram postos em liberdade quinze minutos antes do momento em que começaria a quarta manifestação exigindo o fim dessas prisões políticas. As manifestações chegaram a concentrar até 6 mil pessoas contra a “justiça”, a polícia e o governo Tabaré Vazquez, de Frente Popular. Apesar da conquista, os quatro continuam sendo processados pelo crime político de sedição, em base a um artigo que foi criado na década de 30 e que nunca tinha sido utilizado, sequer na época da sangrenta ditadura uruguaia. O artigo ressucitado prevê de 2 a 6 anos de cadeia. O processo também tenta incriminar Irma Leites, dirigente da organização de direitos humanos Plenária Memória y Justicia, entidade que exige punição para os militares assassinos e torturadores da ditadura e que esteve na vanguarda da luta pela liberdade dos quatro presos políticos. Leites é acusada por não ter delatado outros “responsáveis” pelas manifestações anti-imperialistas.

O juiz responsável pela prisão dos ativistas uruguaios, Juan Carlos Fernandez Lecchini, é conhecido pelo movimento social uruguaio por ter arquivado denuncias contra militares torturadores. Depois de ter ameaçado sair de férias deixando os quatro ativistas presos, Lecchini foi forçado a recuar pela força das manifestações. Ele alegou ter determinado a prisão devido a um clima de alarme pública, e justificou o recuo devido à não concordância da promotora com essa avaliação.