Havia um certo clima de euforia entre os 116 delegados e mais de 30 convidados e observadores credenciados na abertura do I Congresso Nacional dos Petroleiros, convocado pela Frente Nacional dos Petroleiros (FNP). Não era para menos. Em apenas 11 meses de existência, esta nova organização que nasceu de um racha da Federação Única dos Petroleiros (FUP/CUT) já havia participado de muitas lutas e conquistado importantes vitórias.

Congresso antigovernista
De acordo com Clarkson Araújo, da coordenação do Sindipetro AL/SE, “o congresso aprovou continuar a luta contra o governo Lula e os ataques da empresa, no sentido de se consolidar como uma alternativa de direção dos petroleiros. A discussão política encarou de maneira fraternal o debate entre as diferentes posições, havendo delegados que ainda não romperam com o governo e com a CUT, assim como delegados da Intersindical, da Conlutas e independentes”.

O caráter antigovernista ficou explícito em resoluções como: “Contra a política econômica do governo Lula”; “Contra as reformas neoliberais (previdenciária, sindical, trabalhista, universitária e tributária) do governo, que congela salários e favorece os investimentos dos empresários e banqueiros”; “Em defesa do direito de greve, agora ameaçado pelo governo Lula.” Outras resoluções diziam: pela reestatização da Vale do Rio Doce e demais empresas privatizadas, contra a criminalização dos movimentos sociais e em apoio à reforma agrária.

Também foi aprovado todo o calendário de mobilizações do Fórum Nacional de Lutas e a participação no Seminário contra a Reforma da Previdência convocado pela Conlutas para o dia 7 de agosto.

Além disso, o congresso se posicionou de forma unânime contra a ocupação militar no Haiti. Outra resolução foi a participação em agosto da reunião preparatória do encontro internacional também impulsionado pela Conlutas.

No campo específico dos petroleiros foram aprovados: a pauta histórica; a luta contra o Plano de Cargos e Avanço de Carreira (PCAC) e ampliação do mesmo para todos os trabalhadores de subsidiárias (Transpetro, Braspetro, Petroquisa, etc); campanha de anistia, primeirização e isonomia; abrir a discussão na base pelo fim da remuneração variável (PLR).

Alternativa de direção
Também foi aprovada a construção da FNP como uma nova entidade nacional dos petroleiros. Para avançar nesta resolução foi decidida a realização de um “seminário das oposições” em agosto, no Rio de Janeiro, além de um “seminário nacional da FNP sobre concepção de atividade sindical e combate à burocratização”, ainda em 2007.

O congresso aprovou também a orientação que seus sindicatos abram o debate sobre a filiação a uma central, com a participação na discussão da CUT, Conlutas e Intersindical. Reconheceu a Intersindical e a Conlutas como novas alternativas e o Fórum Nacional de Mobilização como um instrumento importante para a construção de lutas unitárias.

Conlutas se destaca
Dos 116 delegados inscritos, cerca de 50 estavam com a Conlutas, entre eles vários jovens, que participaram ativamente. Eram delegados dos sindicatos do Pará/Amazonas e de Sergipe/Alagoas, cujas direções são ligadas à Conlutas. Havia também uma importante delegação do Rio de Janeiro e delegados de oposições do Unifica de São Paulo, Norte Fluminense, Minas Gerais, Paraná e Bahia.
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