Passeata interrompe o trânsito em Porto Alegre
Fotos Indymedia / Contestação

Estudantes e trabalhadores já realizaram dois protestos na cidadeComo acontece todo início de ano, os empresários de ônibus de Porto Alegre, junto com a prefeitura, projetam mais um aumento das tarifas. Desta vez, as empresas querem um aumento de quase 17%, o que elevaria o valor atual – R$ 1,55 – para R$ 1,81. Dados comprovam que, nos últimos 10 anos, o aumento da passagem na cidade superou a inflação em mais de 40%.

A prefeitura, antes comandada pelo PT e agora pelo prefeito José Fogaça (PPS), sempre facilitou o reajuste, pois os donos do transporte são alguns dos maiores financiadores de campanhas eleitorais. Além disso, existe o Conselho Municipal de Transporte Urbano (COMTU) que avalia e apresenta o valor do aumento para o prefeito sancionar. Desse conselho, além de empresários e de uma representação da prefeitura, fazem parte setores que se dizem representativos da população, como a CUT e a UMESPA (União Municipal dos Estudantes). Curiosamente, o aumento das tarifas sempre é aprovado por unanimidade, ou seja, quem deveria estar representando os trabalhadores e os estudantes está, na verdade, contribuindo para atacar os seus bolsos.

Luta contra o aumento
Este ano, porém, as coisas não estão tão fáceis para a prefeitura e para as empresas. O Comitê de Luta Contra o Aumento da Passagem, formado a partir de uma plenária convocada pela Conlutas, vem se fortalecendo e realizando importantes ações contra esse assalto à população. O passe-livre para estudantes e desempregados e a estatização do transporte público também são reivindicações do movimento.

O primeiro ato, no dia 24 de fevereiro, reuniu cerca de 200 trabalhadores e estudantes e conseguiu uma ampla divulgação na imprensa. Ficou explícito que não será aceito um centavo sequer de aumento. Quando os manifestantes tentaram trancar o trânsito por alguns minutos para chamar a atenção da população, a polícia promoveu uma verdadeira pancadaria. Dezenas de estudantes ficaram feridos. Nenhuma surpresa, já que o aparato policial está a serviço da burguesia, para proteger sua propriedade e seus lucros, nem que para isso tenha que massacrar a população.

Um segundo ato foi realizado no dia 2 de março, no local e no horário em que acontecia a reunião do COMTU que avaliaria o aumento. O Conselho não apresentou posição naquele dia.

Isso demonstra que só nas ruas conquistaremos qualquer vitória. Hoje é o povo pobre que paga pela crise dos ricos e que deve sofrer para que possam aumentar seus lucros. É assim com as reformas do governo Lula, com as guerras e com a Alca. O aumento do valor dos transportes é mais um ataque e tem se tornado um problema no país inteiro, sendo estopim de diversas lutas. Foi assim em Salvador, Florianópolis, Rio de Janeiro e no próprio Rio Grande do Sul (Guaíba e Pelotas). Agora é a vez de Porto Alegre seguir o exemplo e não permitir mais um ataque da burguesia.