Na maior parte do país, os atos classistas foram superiores aos realizados no ano passadoSÃO PAULO
Nem mesmo o sol forte diminuiu o ânimo dos ativistas presentes no protesto contra o governo Lula e as reformas neoliberais, que reuniu cerca de 3 mil pessoas na Praça da Sé. O ato teve início com uma apresentação teatral que lembrou a origem do 1º de maio.

Participaram do protesto organizações e partidos reunidos no Fórum Nacional de Mobilização, como a Conlutas, Intersindical, Pastorais Sociais, organizações de luta pela moradia como o MTST, MUST, de luta pela terra, como o MLST, diversos sindicatos, PSOL, PCB e PSTU.

Falando em nome da Conlutas, José Maria de Almeida destacou a unidade das organizações, que permitiu a construção do ato. “Vamos implementar um calendário de luta contra esse governo, esse ato deve impulsionar a jornada do dia 23 de maio”, disse. Ele ainda destacou que o alvo das manifestações deve ser o governo federal e chamou as organizações como o MST e a CSC (do PCdoB) – que ainda estão no governo – a romperem com Lula. “Não adianta criticar a equipe econômica. É Lula que nomeia ela. A ilusão não é boa conselheira. Entender isso é fundamental para levar uma luta conseqüente”, concluiu.

Em seguida discursou Francisvaldo Mendes, representante da Intersindical que também fez um chamado à próxima jornada. “Temos agora que dar uma demonstração de força no próximo dia 23”, disse.

Embora não tenham levado sua base ao ato, representantes do MST e da CSC também falaram no palco.

Foi grande a presença dos sem-tetos na atividade, que vieram de várias ocupações do estado. Sem terras de um assentamento dirigido pelo MLST de Ribeirão Preto também estiveram presentes.

No final, os manifestantes seguiram em passeada até o Viaduto do Chá, por volta das 13h20, gritando palavras de ordem como “ Lula, que traição, essa reforma é coisa de patrão”.

RIO JANEIRO
Sob os Arcos da Lapa, o ato classista do 1° de maio reuniu cerca de mil pessoas, se constituindo no maior ato classista realizado nos últimos anos. Entre as organizações presentes estavam o PSOL, PCB, PSTU, Conlutas e a Intersindical.
O MST não levou a sua base para o protesto, no entanto, um representante da organização fez uma saudação aos participantes. Falando pelo PSTU, Cyro Garcia, ressaltou a importância da realização de um ato claramente contra o governo e chamou a CUT e o MST a romperem com Lula.

Gualberto Tinoco, o Pitéu, falou em nome da Conlutas e ressaltou a importância de construir, além de atos unitários, uma nova organização de luta para os trabalhadores. “É importante construirmos a unidade, mas chamamos aqui os companheiros da Intersindical a ingressarem na Conlutas para construirmos uma alternativa para os trabalhadores”, concluiu.

Ao final foi realizada uma animada roda de samba com a Tia Surica da Portela.

BELO HORIZONTE
Cerca de 1.500 participaram do ato classista na capital mineira, que teve muita repercussão. Entre os participantes estava a Via Campesina, que reúne o MST e outras organizações, Conlutas, Intersindical e representantes do Movimento de Luta dos Bairros. A manifestação foi no centro da cidade e era parte das atividades do II Encontro dos Movimentos Sociais Mineiros que contou com a participação de 750 representantes (leia mais no Portal do PSTU).

Motoristas e populares saudavam a passeata, algo que deixou muitos participantes emocionados, pois há muitos anos não ocorria um ato classista na cidade. A CUT, por sua vez, não organizou nenhuma atividade.

A passeata realizou três paradas simbólicas, uma delas em frente ao prédio da Previdência para protestar contra a reforma no setor.

RECIFE
Na capital pernambucana, o ato reuniu cerca de 250 pessoas, que protestaram na praça Maciel Pinheiro e saíram em passeata pelas ruas centrais do Recife. Participaram o PSOL, PCB, PCR e o PSTU. Houve uma participação destacada da UCS (Unidade Coletivo Social), uma importante representação entre os bancários, que se negou a participar do ato da CUT.

No dia 4 de maio haverá um ato pela reestatização da Celpe (Companhia energética de Pernambuco) , haverá ainda atividades nas portas de empresas como os Correios, Metrô, universidades e escolas.

CUT e Força Sindical fazem shows milionários
A CUT e a Força Sindical realizaram mega-shows milionários financiados por empresas privadas e estatais. Uma das principais empresas financiadoras foi a Petrobras, que distribuiu cerca de R$ 1 milhão para CUT, Força e CGT.

O que prevaleceu este ano foi a completa despolitização, com o tema do meio ambiente utilizado para alienar ainda mais a festa. O deputado federal e presidente da Força Sindical, Paulinho Pereira, deu uma verdadeira demonstração de homofobia e ignorância ao afirmar, perante milhares de pessoas que “coisa de ambiente, vamos falar a verdade, até pouco tempo atrás era coisa de veado”.

Agora é preparar o dia 23 de maio!
É preciso preparar a jornada de 23 de maio como um dia de luta contra o governo e suas reformas

Os atos do 1° de maio foram mais um importante passo na luta contra as reformas neoliberais do governo Lula. Na maior parte do país, os atos classistas foram superiores aos realizados no ano passado. Seja pela maior presença de pessoas, seja pelo envolvimento de outras organizações dos movimentos sociais. Essa é uma confirmação de que o calendário de lutas definido no Encontro do dia 25 de março está sendo implementando e, a cada protesto, vai se tornando referência para outros setores do movimento ou categorias em luta.

Agora é preciso avançar na jornada do dia 23 de maio. A convocação unitária da jornada pode mover setores importantes dos trabalhadores. Vários setores vão realizar manifestações nesse dia. Trabalhadores de diversas categorias planejam paralisações, assembléias em porta de fábricas para atrasar a entrada nas empresas, ou combinar esse dia de luta com campanhas salariais.

No entanto, não basta apenas se mobilizar. É preciso explicar com clareza aos trabalhadores quem é o nosso inimigo. E nesse caso, tem razão José Maria de Almeida, da Conlutas, quando diz que a “ilusão não é nossa melhor conselheira”. Não basta dizer, como faz o MST e a CSC, que o nosso inimigo é apenas o imperialismo. Quem aplica a política e as reformas neoliberais de Bush no Brasil é o governo Lula.

Em todo o país a Conlutas vai preparar a jornada do dia 23 como um dia de luta contra o governo e suas reformas. Chamamos o MST, a CSC e a própria CUT a romperem com o governo, para avançar com clareza na luta dos trabalhadores em defesa dos seus direitos.

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