Em tempos de globalização, o sentimento anti-imperialista e a diversidade cultural marcaram o IV Fórum Social Mundial, realizado de 16 a 21 de fevereiro, em Mumbai, na Índia. O fim da guerra e da ocupacao do Iraque foram bandeiras levantadas pelas organizações, que exigiram “Fora Bush do Iraque“. Palavras-de-ordem foram entoadas em dezenas de idiomas diferentes. As ocupações da Palestina, Tibet e Kashimir também foram temas de debates e campanhas em apoio às lutas daqueles povos.

Limite das análises

As conferências oficiais do Fórum não ultrapassaram o limite das análises de temas já conhecidos desde as edições anteriores do FSM, como a globalização e seus efeitos, entre outros. Mais uma vez, o Fórum pecou por não avançar para o campo das
propostas, que promovam efetivamente uma luta contra o imperialismo e a globalização. “O próximo Fórum tem de ser o das propostas“, defendeu a dirigente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador, Blanca Chancoso.

Segundo o vice-presidente da Apeoesp e militante do PSTU, Edgard Fernandes, o fórum limita-se a fazer análises, porque há muitas diferenças sobre as propostas. “Todos defendem que um outro mundo é possível, mas que mundo? Para muitas ONGs e
a social-democracia, bastam algumas reformas no capitalismo“, afirma.

Diversidade cultural

Se as conferências oficiais não trouxeram grandes novidades ao Fórum, as ruas do Nesco Ground, local que sediou o evento, foram ocupadas por diferentes manifestações culturais. Animadas com instrumentos musicais, danças, muitas delas tribais, os povos asiáticos mostraram suas lutas com musicalidade e simpatia, e contagiaram os representantes dos países ocidentais. Para os grupos e entidades indianas, que na maioria das vezes lutam isoladamente, o FSM foi um espaço de encontro que possibilitou a troca de informações e debates.

Segundo um dirigente dos trabalhadores da cidade de Vadodara, Rohit Prajpati, o fórum foi fundamental para que os movimentos sindical e sociais se aproximassem e realizassem debates comuns. “O que é dificil acontecer na Índia“, disse ele. Prajpati também estava muito curioso para saber como são a organização e a luta dos trabalhadores brasileiros.

20 de março
Sem resoluções efetivas que impulsionem as lutas dos trabalhadores e dos povos, o Fórum mais uma vez foi palco para a troca de experiências e debates, além de contar com a iniciativa de grupos que buscam encaminhar atividades concretas. Neste ano, por exemplo, o dia internacional de luta contra a guerra e a ocupação no Iraque, em 20 de março, começou a ser organizado por diversas entidades presentes.