Lula dirigiu-se ao presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, pedindo “paciência” para a criação do Estado Palestino, em encontro na programação paralela da Cúpula América do Sul-Países Árabes, nesta segunda-feira, 9 de maio. Abbas manifestou sua “preocupação” em relação ao não-cumprimento dos acordos de Sharm el-Sheik (Egito) entre Israel e Palestina, como a libertação de 400 prisioneiros palestinos e a não retirada dos colonos da Faixa de Gaza.

Lula traçou uma “analogia” entre a luta pela autodeterminação do povo palestino e sua própria trajetória pessoal, de sucessivas tentativas de se eleger presidente. “O presidente Lula disse que a experiência de suas sucessivas derrotas como candidato a presidente provocaram nele uma reflexão e, portanto, ele apreciava o fato de os palestinos, a partir de suas dificuldades, refletirem sobre sua luta”, disse o assessor para assuntos internacionais Marco Aurélio Garcia. Ao ressaltar as noções de “paz” e “diálogo” Lula defendeu a mesma proposta da ONU de dois Estados “livres, seguros e economicamente viáveis”, como se a conciliação entre opressores e oprimidos fosse possível (ou desejável).

Abbas considera a libertação dos prisioneiros – no mínimo pífia em relação aos 7 mil presos políticos palestinos mantidos pelo Estado de Israel – fundamental para que o cessar-fogo seja aceito pela resistência palestina e a “paz” estabelecida na região. Na verdade Abbas só pode referir-se à paz dos cemitérios, já que o processo eleitoral que sucedeu Yasser Arafat só fez continuar e aprofundar a ocupação israelense de Gaza e Cisjordânia e, ainda, pôr fim à promessa de retorno de milhões de palestinos às suas terras.