Pronunciamento é adiado até a chegada da revista Época nas bancas de BrasíliaO Lula que apareceu por todo o país no fim da manhã deste 12 de agosto já não era o mesmo de dias atrás. Há semanas, o presidente fingia que a crise não o atingia e viajava por todo o Brasil subindo em palanques, fazendo discursos gesticulados, empolgados e positivos, lançando sua candidatura à reeleição. Já em seu pronunciamento após ser atingido diretamente pela crise, Lula estava visivelmente preocupado e abatido.

Apesar de ter mudado o tom, o presidente manteve, entretanto, o mesmo discurso ensaiado, de que não tinha conhecimento de nada do que se passava sob seu nariz. As novidades ficaram no tom mais enfático ao dizer que se sentiu traído e ao pedir desculpas por ‘erros’ do PT e do governo. “Me sinto traído por práticas inaceitáveis das quais nunca tive conhecimento“, disse. Lula afirmou estar “tão ou mais indignado do que qualquer brasileiro”. Também defendeu a reforma Política como saída para solucionar o problema, argumento repetido a exaustão desde o início das denúncias.

Repetiu-se também ao elencar os pontos positivos do governo, em uma primeira metade do pronunciamento, bastante arrastada. Lula apresentou indicadores econômicos, como dados da balança comercial, inflação menor e crescimento na produção industrial e nas exportações. Também citou seus programas assistencialistas, como o Renda Mínima e o Bolsa Família. Tudo isso para defender a continuidade de seu governo, já prevendo movimentações por sua saída do cargo. “Este país não pode parar!”, disse o presidente num tom não tão animado quanto a frase que pronunciava.

O presidente não disse nada além do que já havia dito. Disse que o país melhorou. Não respondeu à crise. Fez um discurso difícil de convencer, tanto sobre as ações de seu governo neoliberal, quanto sobre seu não envolvimento nos escândalos. Diante da realidade que vive o país e do agravamento das denúncias de corrupção, fica difícil acreditar num pronunciamento desses…