O governo Lula recuperou-se do desgaste do início da crise, retomando índices recordes de popularidade. Os trabalhadores acreditam que o pior já passou e apoiam as medidas econômicas.

Existe uma perspectiva geral de aprofundamento da crise no país, com reflexos no desgaste do governo. Mas sua evolução pode não ser linear, como está se demonstrando. Pode haver recuperações conjunturais aproveitadas pelo governo, ou mesmo a ação do governo pode mascarar o aprofundamento da crise. Evidentemente, a tendência geral tende a se impor, mas em política, como dizia Trotsky, o tempo dos verbos vale ainda mais que na gramática.

Se a situação da economia e da luta de classes seguisse no nível atual, Lula poderia transferir popularidade para Dilma Rousseff (o que já está ocorrendo) e ganhar as eleições em 2010. Caso haja um aprofundamento da crise e um ascenso das lutas antes, uma crise política do governo deve ocorrer. As respostas definem cenários eleitorais muito diferentes, com Dilma e Serra surgindo como favoritos.

A crise política no Senado
O regime segue com escândalos atrás de escândalos. Agora é o Senado, com os atos secretos e a crise de José Sarney. Em vários estados, existem crises regionais com os governos, das quais a mais importante é a mobilização no Rio Grande do Sul
com o “Fora Yeda”.

A crise do Senado não é fácil de ser solucionada, pela dimensão do escândalo e pelo peso de Sarney. O cálculo de Lula é claro. Enquanto a economia brasileira não afundar, seu governo terá popularidade, mesmo com os escândalos. É preferível então pagar o preço do desgaste para garantir o apoio do PMDB em 2010. Essa é a dinâmica mais provável. Por mais desgaste que esse escândalo cause ao Congresso, não é provável que se transforme numa crise como a do mensalão em 2005, caso não se combine com o aprofundamento da crise econômica.

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