O tema central da reunião da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), realizada em Quito, Equador, no início da semana, foi o acordo militar colombiano com os Estados Unidos. O acordo que cede sete bases militares ao imperialismo norte-americano foi duramente criticado pelos governos nacionalistas-burgueses da América Latina.

Hugo Chávez, presidente da Venezuela, afirmou que “os ventos da guerra” sopram na região. Mas apesar de condenar verbalmente o acordo, o venezuelano não tomou nenhuma medida efetiva de retaliação, como, por exemplo, cortar o fornecimento do petróleo do país aos EUA.

Já o presidente colombiano Álvaro Uribe tentou minimizar as críticas, visitando vários países da região após o fechamento do acordo. Seu objetivo era isolar qualquer crítica ao acordo. Pelos resultados da Unasul, parece que Uribe conseguiu esse objetivo sem sequer participar da reunião.

Papel de Lula
Mesmo diante de uma óbvia provocação do imperialismo e de seu lacaio Uribe, a reunião não apresentou nenhuma posição sobre as bases norte-americanas. Um completo absurdo, se considerarmos que o atual acordo com a Colômbia se reveste ainda de maior perigo diante do golpe militar em Honduras e da reativação da Quarta Frota norte-americana.

Mais uma vez, coube ao presidente Lula colocar panos quentes na crise. Graças a sua intervenção e da argentina Cristina Kirchner, a reunião da Unasul passou longe de uma condenação à Colômbia por ceder as bases aos Estados Unidos. Lula sugeriu que o assunto deveria ser discutido em algum local adequado, como “uma reunião dos ministros da Defesa e do Exterior”.

O presidente também pediu para que Rafael Correa, atual presidente da Unasul, convidasse Obama para uma reunião. “A Unasul poderia convidar o governo dos Estados Unidos para uma discussão profunda sobre a relação deles com a América do Sul”, disse.

Assim, a questão das bases colombianas não foi sequer mencionada no documento final da reunião. E aqueles que buscavam uma condenação ao acordo ficaram totalmente isolados e se calaram.

A posição do governo brasileiro em impedir a condenação do acordo entre Colômbia e EUA é mais uma demonstração de que Lula age como um verdadeiro bombeiro na região, impedindo que crises possam desgastar ainda mais o imperialismo.

Com as bases militares na Colômbia, o imperialismo tenta responder a explosiva situação política da América Latina, além de fazer uma óbvia ameaça aos governos nacionalistas burgueses da região.

É claro que o governo Obama não tenta fazer isso apenas com a força dos canhões, como fazia George W. Bush. Obama tem combinando iniciativas de diálogos com os chamados governos de esquerda, sem abrir mão das velhas e conhecidas ameaças e ingerências do imperialismo.

Mas enquanto o imperialismo sinaliza uma projeção militar na região dos Andes e da Amazônia (sobretudo, a brasileira), o governo brasileiro impede a amplificação de vozes dissonantes e o chama para conversar. Só faltou Lula convidar Obama para tomar uma cerveja.