Governo destina R$ 880 milhões para investir em reforma agrária e gastou R$ 1,05 bilhão com propagandaEm 2004, o governo Lula gastou R$ 867,1 milhões em publicidade, segundo os dados oficiais. Esse valor é R$ 250 milhões maior do que o que foi gasto em 2003, o que equivale a um aumento de 40,5% na área. Entretanto, esse gasto é ainda maior, pois não estão incluídas nesses números as despesas com publicidade legal (balanços e editais), produção dos comerciais e patrocínio, que somam entre R$ 200 milhões e R$ 250 milhões por ano. Somando esses valores, os gastos com publicidade e propaganda do governo Lula chegam a R$ 1,05 bilhão. Em comparação com os gastos dos maiores anunciantes do país, o governo só perde para a rede Casas Bahia, que, em 2004, segundo o levantamento Ibope Monitor, gastou R$ 1,6 bilhão.

Por outro lado, as verbas para as áreas sociais têm sofrido cortes brutais, como ocorreu com o montante previsto pra a reforma agrária em 2005. Mesmo com a liberação de verbas anunciada por Lula no dia 7 de abril, o total de investimentos para assentar famílias ficou em apenas R$ 880 milhões. Essa verba será suficiente para assentar apenas 70 mil famílias. A meta do governo para 2005, que já era insuficiente, era de assentar 115 mil famílias este ano.

Se o governo Lula gasta R$ 1,05 bilhão com propaganda, em 2004, e destina apenas R$ 880 milhões para a reforma agrária em 2005, fica claro quais são as prioridades. Ao liberar R$ 400 milhões a mais, o objetivo do governo não era fazer reforma agrária e atingir as metas, mas conter o movimento de ocupações de terras. Para isso, contam com a trégua do MST. Em declaração ao jornal Folha de São Paulo, nesta quinta, 7 de abril, o dirigente nacional Gilmar Mauro garantiu que o movimento não irá fazer um Abril Vermelho maior do que o de 2004, e que a única orientação nacional é a respeito da realização da marcha nacional, no dia 17. Apesar disso, diversos movimentos têm intensificado as ações de ocupação, principalmente em Pernambuco.