Sarney só conseguiu se segurar até agora devido à blindagem promovida por Lula. O governo teme que a oposição de direita assuma o comando do Senado e atrapalhe as eleições de Dilma em 2010.

Com o agravamento das denúncias, porém, Lula parou de defender publicamente o aliado. Mas, por trás dos panos, ordena que a base aliada no Senado o defenda com unhas e dentes.

E foi assim que a tropa de choque de Sarney agiu. Partiu para a ofensiva e protagonizou memoráveis bate-bocas no plenário do Senado. Como o do dia 3 de agosto, em que, diante de discurso de Pedro Simon (PMDB-RS) pedindo a saída de Sarney, Renan Calheiros e Collor partiram para cima.

Calheiros acusou Simon de haver insistido para Sarney sair candidato à presidente do Senado, em fevereiro último. Pedro Simon respondeu apontando as incoerências de Renan Calheiros, que liderou a base de apoio do então presidente Collor, voltou-se contra ele, integrou o governo FHC e agora é aliado de Lula. “Vossa excelência foi à China fazer acordo com o Collor. Na véspera do Collor ser cassado, Vossa Excelência largou o Collor. Lá pelas tantas, apareceu como ministro da Justiça do Fernando Henrique. Lá pelas tantas, largou o FHC. Agora é o homem de confiança do Lula” disse a Calheiros.

A baixaria maior, porém, ficou por conta do senador Fernando Collor. Visivelmente alterado, com os olhos vermelhos e injetados de ódio, tomou o microfone para achincalhar Simon. “São palavras que eu quero que o senhor as engula e as digira como achar conveniente”, disse exaltado, sobre o que disse Simon das relações que Collor mantinha com Renan.

E, por fim, uma ameaça. “Evite pronunciar meu nome nessa Casa porque na próxima vez que eu tiver que pronunciar o nome de vossa excelência nesta Casa gostaria de relembrar alguns fatos, alguns momentos, talvez extremamente incômodos para vossa excelência” disse ao senador do PMDB.

Pedro Simon, o senador que se coloca como grande defensor da ética, mas que é aliado da governadora gaúcha Yeda Crusius, ameaçada de perder o cargo por corrupção, parece ter levado a ameaça a sério e baixou o tom. De fato, num Senado em que ninguém se salva, transbordam as ameaças de dossiês e revelação de denúncias de corrupção.

Faroeste Caboclo
Nem assim, porém, os bate-bocas terminaram. Muito pelo contrário. No dia 7, o mesmo Renan Calheiros discutiu com o tucano Tasso Jereissati, num bate-boca que também vai entrar para a história nada edificante da Casa. Calheiros listava as denúncias que protocolaria no Conselho de Ética contra o líder do PSDB, Arthur Virgílio, que mantinha funcionário fantasma em seu gabinete e havia tomado empréstimo de US$ 10 mil do então Diretor-geral da Casa, Agaciel Maia.

Jereissati foi defender o colega e os dois começaram a discussão. Renan lembrou dos jatinhos pagos pelo Sendo que Jereissati viajava. O senador tucano esbravejou então que não aceitaria chantagens. “Seu coronel de merda”, disparou Calheiros fora do microfone. Tasso ameaçou levar Renan ao Conselho de Ética. E Sarney mandou tirar o xingamento da transcrição da sessão.

Tirar Sarney!
O governo e sua base têm maioria no Senado. Já a oposição de direita é tão corrupta quanto Sarney e seus aliados. Levantamento da Folha de S. Paulo publicado nesse dia 10 revela que 1/3 dos senadores respondem a algum tipo de crime. No mesmo dia, foi revelado que o próprio presidente do PSDB, Sérgio Guerra, pagou uma viagem da filha a Nova Iorque com dinheiro do Senado. E muito mais pode vir à tona.

Isso mostra a necessidade de os trabalhadores se mobilizarem, exigindo “Fora Sarney!” e a prisão de todos os corruptos e corruptores. É necessário que todas as entidades do movimento sindical, popular, social e estudantil empunhem essa bandeira.

É preciso levar essa reivindicação para o dia 14 de agosto, dia nacional de luta e paralisação.

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