Agora é nas áreas do pré-sal; cai a farsa do discurso da “soberania nacional”O governo Lula pretende agora leiloar e entregar às multinacionais petroleiras o campo de Libra, com expectativa de reservas de 8 bilhões de barris de petróleo, um campo tão grande ou maior que Tupi (que possui de 5 a 8 bilhões). Ele supera também a área de Franco, dada aos acionistas da Petrobrás em “cessão onerosa”.

Tal estimativa está baseada em dados de sísmica e perfuração. Tupi, achado em 2007 no Brasil, foi a maior descoberta das Américas depois de Cantarell, encontrado em 1976, no México.

O primeiro leilão de petróleo do pré-sal pode ocorrer em novembro de 2010 ou início de 2011, já sob o regime de partilha. Mas também vai haver entrega em regime de concessão, criado por FHC, em outras áreas.

A sede dos magnatas do petróleo é grande por este novo leilão. “Não tivemos leilões nos últimos dois anos, trazendo dificuldades para os investidores”, disse João Carlos de Luca presidente do IBP, (Instituto Brasileiro de Petróleo). Por isso o dirigente do PCdoB e presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, está colocando todos os esforços para que a 11ª Rodada de leilão de blocos de petróleo aconteça até novembro, como prometeu na palestra de abertura do evento “ANP Itinerante” no hotel Ilha do Boi, em Vitória.

Nunca houve no mundo leilão de tamanho volume de petróleo como o que acontecerá na 11ª rodada de leilões. O sucesso e enriquecimento das multinacionais é obtido não através de eficiência mas através de saques de novas jazidas descobertas e desenvolvidas a custo baixo. O que significa: salários arrochados e precarização de direitos trabalhistas e sociais.

Por isso, o filé mignon do pré-sal continuará sendo rifado e entregue às Big Oil, as atuais “seis irmãs” (ExxonMobil, Total, Royal Dutch Shell, BP (British Petroleum), Chevron e Conoco Phillips). Elas juntas tiveram lucros estratosféricos de 2001 até janeiro de 2009: US$ 656 bilhões, dois terços de 1 trilhão de dólares.

Exploração da Shell surpreende
O Parque das Conchas, no Litoral Sul do Espírito Santo, é operado pela Shell e produz mais do que as áreas operadas pela Petrobrás. Somente o campo de Ostra produziu, no mês de março, 73 mil barris por dia, enquanto que o campo de Golfinho, no Norte, produziu 49,4 mil barris por dia e no campo de Jubarte, próximo ao de Conchas, no Sul, a produção foi de 45,7 mil barris por dia.

O desempenho do campo de Ostra, surpreendeu até mesmo a Shell, que é a operadora do bloco (tem 50% de participação, a Petrobras tem 35% a estatal indiana ONGC , 15%). Em relação ao plano de produção da própria Shell, a produção no Parque das Conchas apresentou um crescimento de 250% no primeiro mês de atividade.

Até o final de 2011, deverão entrar em operação os campos de Abalone e Argonauta, no mesmo parque, além de outros campos no Parque das Baleias e campos próximos a esses dois parques. Segundo dados da ANP, o total de petróleo produzido no estado já atingiu o máximo de 220 mil barris por dia em março. Este volume era esperado para o final de 2010.

Até o final deste ano, a expectativa é de que os campos no Espírito Santo cheguem a uma produção de 280 a 300 mil barris por dia, com a entrada em operação da plataforma P-57, no Parque das Baleias.
Tudo isso é a riqueza brasileira e nossa renda petroleira sendo entregue às grandes multinacionais do petróleo e alimentando de combustível o imperialismo norte-americano. Fruto do novo Marco Regulatório estabelecido pelo governo de Lula e Dilma.

Dalton F. Santos geólogo da Petrobrás e diretor do Sindipetro de Alagoas e Sergipe e Américo Gomes, advogado com especialização em Política e Relações Internacionais, assessor do Sindipetro de Alagoas e Sergipe