Na mais recente pesquisa divulgada pelo Dieese sobre o valor que o salário mínimo deveria ter para suprir as necessidades básicas de um trabalhador e sua família, o instituto chegou à quantia de R$ 1402,63. Isso representa quase seis vezes o valor atual do salário mínimo, orçado em R$ 240. Sempre que há a reivindicação pelo aumento do salário mínimo, o governo e os empresários anunciam uma catástrofe inflacionária.

A fragilidade deste argumento não resiste a mais superficial análise dos índices de inflação do último mês. Mesmo não tendo reajuste este ano, a renda das famílias mais pobres sofre um desgaste cada vez maior. O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de março ficou em 0,57%, enquanto o mês anterior registrou 0,39%. Este índice mede a variação de preços aos consumidores com renda entre 1 e 8 salários mínimos. No entanto, o governo e a mídia insistem em dizer que não há inflação.

Governo e CUT têm acordo com salário de fome

Enquanto o povo sofre as agruras do salário mínimo de fome, o governo propõe um valor vergonhoso de reajuste. O Ministério da Fazenda está propondo um reajuste que apenas reponha a inflação, ou seja, R$ 259. O setor mais indignado do PT quer pressionar o governo com um salário que atinja R$ 280, como se um aumento de R$ 21 fosse o suficiente para suprir as necessidades básicas.

Apesar de ter sempre defendido o salário mínimo do Dieese, a CUT fez uma proposta para “valorizar” o salário mínimo, com a ridícula reivindicação de R$ 300 e que o piso do Dieese seja atingido em 20 anos.

Para o dirigente nacional da CUT e do PSTU, Zé Maria, a proposta da central é uma vergonha. Na reunião da direção nacional da CUT, no dia 13 de março, as correntes de esquerda apresentaram uma proposta de reajuste do mínimo: aumento emergencial de 100% e aumentos sucessivos para atingir o piso do Dieese em cinco anos. A proposta foi rejeitada.
Post author Diego Cruz, da redação
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