Projeto de lei que tramitava há 11 anos no Congresso é sancionado e abre caminho para a instalação de ‘maquiladoras´No Diário Oficial do último dia 23, foi publicada a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à lei das zonas de processamen-to de exportação (ZPEs). Como diz o texto do projeto, cria “áreas de livre comércio (…), destinadas à instalação de empresas voltadas para a produção de bens a serem comercializados no exterior”.

Trata-se de mais uma lei que vai beneficiar as multinacionais e aumentar a exploração dos trabalhadores. As ZPEs são muito comuns em países como a China ou em regiões da América Central. No México essas zonas permitiram a proliferação das chamadas maquiladoras, que importam componentes, montam e exportam produtos prontos, como tecidos e produtos eletrônicos.

Para baixar os custos de produção, as multinacionais transferiram muitas dessas atividades para os países semicoloniais, onde foram criadas “zonas de exportação” ou “zonas francas” – regiões em que as empresas praticamente não pagam impostos e contam com benefícios, já que os governos locais, para incentivá-las, oferecem facilidades que as nacionais não têm, inclusive a cessão gratuita do terreno onde se instalam. Além disso, nessas regiões paga-se um salário bem menor aos trabalhadores, que na maioria das vezes também não possuem nenhum tipo de direito trabalhista.

Com a globalização capitalista, as “zonas francas” e as maquiladoras proliferaram de forma assustadora. De acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), existem no mundo inteiro mais de três mil zonas desse tipo, a maioria localizada na China. Atualmente o imperialismo norte-americano tem um plano de ampliar a instalação de maquiladoras e zonas francas em países do continente, por exemplo, no Haiti, país que sofre uma ocupação militar liderada pelo exército brasileiro.

No Brasil, segundo o texto da nova lei, o Poder Executivo está autorizado a criar ZPEs “nas regiões menos desenvolvidas”. Atualmente, são 17 os projetos de ZPEs já aprovados pelo Congresso que abrangem, sobretudo, a região Nordeste. Por lei, elas agora estão dispensadas da obtenção de licença ou de autorização de órgãos federais. Tudo para atrair investimentos de multinacionais e garantir seus lucros.
A imprensa noticiou que o presidente vetou artigos que davam “isenção” de impostos para empresas das ZPEs. Mas o presidente fez apenas um jogo de palavras. O texto foi alterado e, no lugar da “isenção”, foi concedida “suspensão” de tributos – do pagamento do Imposto de Importação, IPI, Cofins, Cofins importação, Imposto sobre a Renda (durante dez anos) e Imposto sobre a Renda sobre os lucros auferidos (durante os cinco primeiros exercícios), entre outros, que serão regulamentados por uma medida provisória.

O projeto vai representar uma radicalização da guerra fiscal, uma vez que aumentará o acirramento das disputas entre estados na atração dos investimentos estrangeiros. A guerra fiscal é responsável pela destruição de parques industriais já instalados no país, pois permite que fábricas inteiras sejam transferidas para o interior das ZPEs, onde os empresários pagam salários bem menores.
Por outro lado, a criação das zonas de processamento de exportação está no também no marco da “flexibilização” dos direitos trabalhistas. Para aumentar a “competividade” dos capitalistas, o governo pretende destruir direitos históricos dos trabalhadores com suas reformas neoliberais da Previdência e a trabalhista.

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