Recentemente o presidente Lula deu entrevista à imprensa afirmando que é preciso regulamentar a lei de greve no setor público, porque, segundo ele, greves sem desconto seriam férias. Em seguida, encomendou à Advocacia Geral da União um anteprojeto para proibir as greves no funcionalismo. De ação bem pensada, Lula buscou lançar a opinião pública contra os servidores, usando os meios de comunicação, especialmente a Rede Globo, para desmoralizar as lutas e a resistência desses setores às políticas neoliberais de seu governo.

Lula sabia que, ao lançar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), impondo o congelamento salarial e a estagnação do serviço público federal de 2007 a 2016, os servidores reagiriam. Não deu outra. Conscientes do ataque a seus direitos e aos da população, os trabalhadores deflagraram greve em vários setores do funcionalismo para evitar o congelamento de seus salários e a piora nas suas condições de vida.
Ao cortar o ponto e descontar os dias parados dos servidores do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), o governo dá continuidade à política de punições e criminalização dos movimentos sociais, como já vem acontecendo na iniciativa privada. É a antecipação de seu projeto antigreve, previsto na reforma sindical.

No caso desses dois órgãos, o governo quer dar o exemplo para quem ousa se rebelar contra suas políticas. Tanto os servidores do Ibama quanto os do Incra lutam por questões que vão além dos salários, como a manutenção das exigências para liberação de licenças para empresas de produção de energia em áreas de preservação ambiental.
É preciso cercar as greves desses setores e também dos funcionários da Cultura, universidades federais e Banco Central da mais ampla solidariedade, desenvolvendo uma campanha nacional contra a medida de corte de ponto.

Por outro lado, não dá para ter qualquer ilusão neste governo. É preciso cobrar das direções governistas que rompam com Lula e o PT e construam junto com a Conlutas a ampliação da greve do funcionalismo federal e a luta contra o corte de ponto dos grevistas.

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