A reforma da Previdência de Lula aprofundou a onda privatista do governo tucano. Apesar de ter enfrentado uma forte greve dos servidores federais, a administração petista atacou a Previdência para abrir um lucrativo mercado aos fundos de pensão.
A reforma acabou com a aposentadoria integral dos servidores públicos contratados após sua aprovação. Para os antigos servidores, estabeleceu uma série de novos critérios para conseguí-la: 35 anos de contribuição para os homens e 30 anos para as mulheres; idade mínima de 60 anos para homens e 55 para mulheres; 25 anos de serviço público; 15 anos de carreira e 5 anos no cargo.

A reforma também taxou os servidores inativos. Aqueles que ganham acima de determinado valor, pagam 11% para a Previdência.

Após a reforma de Lula, os lucros dos fundos privados tiveram espantoso crescimento. Segundo balanço da Associação Nacional de Previdência Privada, os fundos captaram R$ 9,9 bilhões nos primeiros seis meses deste ano. O resultado representa um aumento de 21,2% em relação ao volume obtido no primeiro semestre de 2005 (R$ 8,2 bilhões). No total, o volume de recursos depositados no sistema de previdência privada brasileiro chega a R$ 84,7 bilhões.

Interesses escusos
Na época da aprovação da reforma, Luiz Gushiken, ex-ministro-chefe de Comunicação e Gestão Estratégica, teve participação decisiva e atuou representando fundos privados nas negociações no Congresso.

Ele era dono da empresa Gushiken & Associados, que prestava assessoria aos fundos de pensão. Em 2003, quando assumiu o ministério, sua empresa de consultoria faturou nada menos que R$ 1,5 milhão. No ano anterior, a Gushiken & Associados havia arrecadado cerca de 10% desse valor. O ministro, pelo menos oficialmente, desligou-se da empresa, que passou a se chamar Globalprev. Em 2004, a empresa faturou quase R$ 2 milhões.

Também é conhecido o aparelhamento dos fundos de pensão pelo PT. Vários sindicalistas transformaram-se em gestores diretos do capital. Foi o que ocorreu, por exemplo, com Sérgio Rosa, presidente da Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil). Atualmente, os diretores da Previ participam do conselho gestor que controla as operadoras Brasil Telecom, Tele Norte Leste, Telemig Celular e Tele Norte Celular.
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