Setenta por cento dos parlamentares utilizam o cargo para fazer negócios com emendas”. Isso foi dito por alguém que entende do assunto: Darci Vedoin, um dos donos da Planam, a empresa da máfia dos sanguessugas, que contrata deputados para garantir a compra superfaturada de ambulâncias. Como trata-se de apenas um dos escândalos em que está metido o Congresso Nacional, e o empresário corruptor deve ter uma visão apenas parcial, a coisa deve ser bem pior.

Não estamos perante um ou outro parlamentar corrupto. Temos um Congresso corrupto. Um Congresso sanguessuga. As denúncias atingem igualmente os governos de FHC (incluindo o ministro da Saúde da época, José Serra) e de Lula. Congressos corruptos e governos corruptos.

Hoje, a população tem uma enorme desconfiança em relação aos políticos, e com toda a razão.

É preciso estender essa desconfiança aos empresários corruptores. O político corrupto em geral tem atrás de si um empresário corruptor. Vedoin é apenas um peixe pequeno, e não por acaso está preso. Os grandes empresários, os banqueiros e gerentes das multinacionais, os verdadeiros grandes corruptores, seguem livres. Não existe escândalo de corrupção neste país em que não estejam, por exemplo, os banqueiros. No ano passado, tiveram destaque o BMG e o Banco Rural. Neste ano, o Opportunity, de Daniel Dantas. Nenhum deles está preso.

Ficam impunes porque eles compram também a Justiça e a polícia. Congresso e governo corruptos. Justiça e polícia corruptos. Todas estas instituições estão a serviço da grande burguesia, dos grandes empresários. Servem para manter a política econômica e assegurar a “ordem”, ou seja, garantir a propriedade dos burgueses.

Existe uma ligação estreita entre as grandes empresas e os grandes partidos. Os grandes empresários são alguns poucos milhares, que exploram quase 200 milhões de brasileiros. Só podem fazer isso através da utilização dos grandes partidos, do governo e do Congresso, da Justiça e da polícia. Só conseguem fazer isso com estas instituições que asseguram a manutenção da política econômica ditada pelas grandes empresas. Fazem isso, em primeiro lugar, manipulando e enganando o povo nas eleições.

Em outubro, mais uma vez duas grandes frentes burguesas (PT-PCdoB de um lado, e PSDB-PFL de outro) vão disputar seu voto. Os trabalhadores não podem seguir entregando seus destinos nas mãos de grandes empresas. Basta de acreditar em Vedoin-Lula, em Vedoin-Alckmin! Basta de acreditar nos banqueiros que estão por trás de Lula e Alckmin!

Os trabalhadores têm que acreditar em suas próprias forças. Os petroleiros de todo o país acabam de dar uma resposta aos pelegos da FUP governista. Uma ruptura de mais de 40% dos delegados do congresso nacional (expressando a maioria da base da categoria) indica a disposição dos petroleiros de acreditar em sua própria luta, de preparar a mobilização salarial e a campanha contra a retirada dos direitos pela empresa.

Por outro lado, a candidatura de Heloísa Helena está crescendo em todo o país, contra as alternativas da burguesia, Lula e Alckmin. A Frente de Esquerda deve ser a expressão eleitoral de toda essa luta, de todo esse processo de reorganização dos trabalhadores e jovens. É preciso que a frente mantenha-se no terreno de luta dos trabalhadores, e não aceite o caminho proposto por alguns setores da burguesia, que vão querer fazê-la retroceder a um novo PT, um pouquinho mais à esquerda.

É hora de impulsionar a mobilização salarial dos bancários e petroleiros do segundo semestre, de apoiar a construção da Conlutas. É hora também de ganhar os trabalhadores para uma alternativa eleitoral distinta dos blocos da burguesia, com Heloísa Helena presidente. O momento também é de ganhar os trabalhadores para que votem em candidatos a deputado de luta e socialistas, como os candidatos do PSTU.

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