Foto: ANEL Londrina

2014 começa com luta: reajuste da passagem foi de 15% na cidade paranaense, e a tarifa saltou de R$ 2,30 para R$ 2,65

No último dia 7, terça-feira, aconteceu em Londrina (PR) um protesto contra o aumento da tarifa de ônibus paga pela população. O valor subiu de R$ 2,30 para R$ 2,65, aumento devastador para o bolso dos trabalhadores e trabalhadoras. O protesto foi chamado pelo Facebook. A concentração foi em frente ao Teatro Ouro Verde no calçadão da cidade.
 
O PSTU apoiou e construiu a manifestação contra o aumento da tarifa. A luta começou em Londrina e, agora, os estudantes e trabalhadores precisam se organizar e se unificarem para dar continuidade à mobilização.
 
Aumento na surdina
Foi na surdina do dia 1º que o prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff (PSD), autorizou o aumento da tarifa de ônibus. Esta estratégia utilizada pelo prefeito vem sendo praticada desde o governo de Nedson Micheleti (PT). Tal atitude do prefeito só revela a má intenção e o descaso com os trabalhadores, pois, aproveitando-se que em janeiro as escolas e as universidades estão de férias e muitas pessoas fora da cidade, as empresas, em conluio com a prefeitura, colocaram em prática o aumento.
 
As desculpas dadas para o reajuste abusivo foram o fim do subsídio para o transporte coletivo, o reajuste salarial dos trabalhadores do transporte, a compra de 21 novos ônibus e o aumento de 8% no valor do óleo diesel. O que se pode ver com estas desculpas fornecidas pelo prefeito Kireeff é o caráter de classe deste governo, é um governo que joga tudo nas costas dos trabalhadores.
 
Na nota lançada pelo prefeito, ele diz que vários compromissos de políticas públicas assumidas pela prefeitura pesaram na renda do município e ainda tenta argumentar ao fazer uma ligação dos subsídios que o transporte tinha com os problemas existentes na educação e na saúde. Onde estavam estas políticas públicas? Por que a população tem de ser obrigada a aceitar onde sofrer? Se a prefeitura tem dinheiro para o transporte, não tem pra saúde e educação e, agora, se tem para estas áreas, não tem para o transporte. Isso tudo é mera desculpa. A população pobre de Londrina não é obrigada a aceitar este tipo de abuso. Devemos, portanto, exigir que tanto o transporte como a educação e a saúde sejam serviços públicos e de qualidade.
 
Outros pontos apresentados pelo prefeito são o reajuste do salário dos trabalhadores do transporte e a compra de 21 novos ônibus. Novamente, Kireeff mostra pra quem governa: para os empresários e patrões. O reajuste salarial é um direito dos trabalhadores e é o empresário do transporte que deve pagar este direito, assim como também é o empresário que tem que pagar pelos novos ônibus. Não são os trabalhadores que têm que arcar com os custos da prestação do serviço, mas sim o patrão. Ou seja, o que na verdade o prefeito quer dizer é que para o empresário do transporte não pode haver gastos, mas apenas lucro, enquanto, são os trabalhadores que pagam toda a conta. Além disso, o transporte deve ser entendido como um direito e, neste sentido, é prejudicial a população quando este serviço estar em mãos de empresas privadas, como em Londrina. O transporte como direito tem que ser público.
 
Quanto ao aumento no óleo diesel que o prefeito também diz ter influenciado no aumento, isto demonstra como a política do Governo Federal de Dilma, do PT, está contra os trabalhadores. As inúmeras privatizações que o PT vem fazendo com o petróleo refletem mais diretamente no bolso da população pobre.
 
A juventude e os trabalhadores e trabalhadoras londrinenses devem perceber que a câmara de vereadores e o prefeito que aí estão não governam para os mais pobres. São eleitos com campanhas financiadas por grandes empresas privadas, como a Londrisul e a TCGL e por isso aceitam e ficam quietos quando um ataque, tal qual o aumento da passagem, é desferido contra a população.
 
Organizar a luta para baixar a passagem
A primeira resposta contra este aumento abusivo da tarifa foi dada e, mais do que nunca, as manifestações não devem parar. Para continuar o movimento fazendo com que ele cresça, agregando mais estudantes e trabalhadores, uma palavra é necessária: organização.
 
O PSTU acredita que é com a organização e unificação dos movimentos populares, da juventude e dos trabalhadores que a luta deve continuar. Por isso, é na organização coletiva que o movimento se prepara e decide os seus rumos. Neste sentido, também acreditamos que é com o respeito as várias posições, com as discussões e deliberações tomadas coletivamente e pela base que a movimentação ganha força. Isto se chama democracia operária.
 
Democracia operária
Na democracia burguesa que vivemos, muitos dos direitos garantidos são puras farsas, nem mesmo a liberdade de manifestação é respeitada, como vimos nas várias repressões violentas que aconteceram e acontecem no país afora. Por conta disso, o PSTU reivindica a democracia operária, nela é a maioria da população, isto é, a juventude pobre, os trabalhadores e trabalhadoras que decidem diretamente o caminho de suas vidas. As discussões são feitas, as posições diferentes são respeitadas e as decisões tomadas por ampla maioria são seguidas por todos.
 
Neste sentido, tudo o que será defendido e praticado pelo movimento passa pela base, pelo coletivo, desde a confecção de panfletos, o percurso do protesto até a ação direta. Sendo assim, atitudes de ação direta como a ocupação de terrenos ou de terminais de ônibus, intervenções artísticas e outras ações necessitam passar pelo critério da deliberação coletiva. Na manifestação de terça-feira, infelizmente, viu-se que alguns ativistas, que possuem todo o direito de lutarem contra o aumento da passagem que também os afetam, não consultaram o coletivo e tomaram decisões individuais ou fechadas em pequenos grupos.
 
Junho de 2013 mostrou que muitos jovens e trabalhadores não aguentam mais a precariedade em que vivem e, por isso, saíram às ruas com toda sua vontade de mudança, protagonizando imensas lutas e conquistando vitórias. O PSTU entende que é nas ruas e nas ações diretas que conseguimos vitórias e por isso esteve e está presente nas manifestações, mas sempre nos subtendo à democracia operária, ao controle coletivo. É por conta disso, que abrimos polêmicas e fizemos críticas a certos setores como os Black Bloc. Tal tática, infelizmente, apesar de ser praticada por sinceros ativistas sedentos de mudança, vem demonstrando não se submeter às deliberações coletivas. Numa mobilização de rua se alguma ação direta não foi decidida anteriormente no espaço de organização coletiva, deve no momento ser consultada a resposta e decisão da base, obviamente que a dinâmica de uma manifestação muitas vezes exige respostas rápidas, porém, algumas ações diretas por seu caráter mais impactante precisam ser tomadas coletivamente. Na manifestação em Londrina foram praticadas algumas atitudes que não foram tomadas em coletivo, tais ações são prejudiciais ao movimento, por isso, a organização e o respeito à deliberação coletiva são essenciais.
 
O PSTU não é pacifista, pelo contrário, defendemos o direito à autodefesa dos manifestantes contra a repressão e agressão policial, porém, desde que se organize e delibere suas práticas em volta da democracia operária, isto é, em volta do respeito ao que a ampla maioria do coletivo decidir. Por isso mesmo, apesar de não concordar com atitudes que foram tomadas por alguns ativistas, que não consultaram o coletivo, defendemos estes manifestantes, pois, entendemos que são companheiros de luta, porém, chamamos a estes que reflitam sobre suas decisões e que não caiam na armadilha do individualismo, que continuem somando força a luta contra o aumento da passagem, que exponham suas posições e que se organizem ao redor da coletividade.
 
Avançar a organização
Na quarta-feira, dia 15, acontecerá a 2ª Manifestação Contra o Aumento da Passagem. Neste momento é muito importante somarmos força e lutarmos pela derrubada do aumento.

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