Cartaz de divulgação do seminário
PdAC

Partir de Outubro de 1917 para transformar o mundoDe 25 a 29 de julho passado, num belíssimo complexo próximo a Otranto, Salento, na Itália, aconteceram as jornadas européias da Liga Internacional dos trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI).

O seminário
O seminário foi organizado pelo Partido de Alternativa Comunista (PdAC), seção italiana da LIT-QI, com a participação de outras seções européias da organização. Além de companheiros italianos, estavam presentes também militantes da Espanha, Portugal, Rússia, França, Bélgica e Turquia.

Há de se destacar a juventude da maioria dos participantes que não superava os trinta anos. Isso é fruto do bom trabalho realizado no país a partir da fundação do partido, em janeiro de 2007, e também da capacidade de atração de nossa posição sobre a vazia demagogia dos partidos do governo e sobre a ambigüidade de seus “apêndices críticos”.

O seminário de estudo estava centrado na Revolução Russa de 1917 (em 2007, completa noventa anos) e, sobretudo, em sua atualidade. Foi subdividido em sete temas:

  • da revolução de fevereiro a outubro de 1917: todo o poder aos sovietes;
  • das Teses de Abril a dissolução da Assembléia Constituinte: o programa de transição dos bolcheviques;
  • o partido leninista: a diferença entre a Comuna de Paris e a Comuna de Petrogrado;
  • do movimento de Zimmerwald a formação da Terceira Internacional;
  • a repercussão da Revolução Russa no movimento operário internacional: a atualidade do programa bolchevique como única resposta às falsas ilusões em Chávez; e
  • a atualidade da Revolução bolchevique e a batalha da LIT-QI pela reconstrução da Quarta Internacional.

    Os expositores eram companheiros e companheiras da seção italiana e das outras seções européias da LIT-QI: Roberto Angiuoni, Antonino Marceca, Fabiana Stefanoni, Ruggero Mantovani, Francesco Ricci e Valerio Torre, del PdAC; Daniel Martins da seção portuguesa (Ruptura-FER) e João Galvão do PRT-IR espanhol. Jose Pau, membro da coordenação européia da LIT-QI, na intervenção de fechamento do seminário resumiu as tarefas da LIT para a próxima fase e o trabalho pela reconstrução da Internacional revolucionária. Uma tarefa grande e difícil, mas que expressa neste último período um desenvolvimento notável da LIT, o pedido de novas adesões em diversos países, o crescimento na Europa com a formação de novas seções.

    Por que Outubro de 1917?
    Mas qual é o sentido que damos hoje a Outubro? Que ensinamentos extraímos disso? Por que estuda-lo hoje? É impossível resumir em poucas palavras o sentido das exposições e do debate de cinco dias; em breve, este material estará disponível em livro.

    Podemos responder com critério: estudamos hoje Outubro de 1917 com a mesma paixão com a qual os bolcheviques estudavam a Comuna de Paris de 1871, ou seja, é sobre as vitórias e derrotas do movimento operário que devemos nos formar. Estudar os processos e as causas que originaram as vitórias e as derrotas do proletariado são, para nós, um ensinamento atual e uma base histórica de experiência, sobre as quais construímos nossa batalha política. Por outro lado, é impensável que exista um partido revolucionário separado da teoria revolucionária: as duas coisas andam de mãos dadas.

    Hoje, depois da forte onda contra-revolucionária que acompanhou a dissolução da União soviética, surgiram novas teorias e tendências políticas: pensemos, por exemplo, no chavismo, visto por muitos como, inclusive na Europa, como a “fronteira do novo milênio”, o “socialismo do século XXI”, ou as “multitudes” de Toni Negri, ou, como fizeram Bertinotti e Refundação Comunista, para enunciar improváveis justificativas teóricas para encobrir seu próprio oportunismo político.

    Na verdade, dentro destas novas teorias se esconde a necessidade de cobrir o simples oportunismo político de certas organizações. Mas, por outro lado, é sua precisa vontade ignorar, destruir todas as conquistas feitas pelo proletariado nos dois últimos séculos e os desenvolvimentos teóricos do marxismo. Estes senhores dizem: “o comunismo falhou porque produziu o estalinismo. É por isso que”, continuam, “é preciso retornar a Marx, mas da época de Marx”.

    Praticamente, é como se alguém dissesse: “a física produziu a bomba atômica. Devemos retornar a Newton e rechaçar tudo o que há entre ele e nós”. Se alguém dissesse uma coisa desse tipo, ou seria um louco ou estaria brincando.

    Mas, em nosso caso, não estamos falando de loucos nem de algum brincalhão. Enquanto Bertinotti fala do “marxismo da época de Marx”, aprova os pressupostos contra os trabalhadores e para a guerra imperialista, enquanto alguns crêem que o chavismo é a resposta aos males do século XXCI (como se os do século XX não fossem os mesmos), Venezuela continua pagando a dívida externa imposta pelo Fundo Monetário Internacional e pelo imperialismo mundial. Como se vê, questões que podem parecer atraentemente teóricas são concretos e atuais problemas políticos e sociais.

    O Partido de Alternativa Comunista e a LIT-QI, em nível internacional, que se reconhecem na história e no programa do bolchevismo, são uma organização que luta, portanto, contra estas “novas teorias” que confundem e dividem o proletariado e os revolucionários honestos e defendem a história e as conquistas teóricas acumuladas em quase dois séculos de marxismo não por uma particular paixão filológica, mas porque as considera o princípio da única possibilidade de vencer ao capitalismo. Por isso, não deixamos que estas preciosas lições fiquem em alguma biblioteca, mas as atualizamos e tratamos de aproveita-las na luta política e na luta de classes viva de cada dia. Este é o dever dos revolucionários comunistas de todas as épocas.