Poucos dias atrás, o dirigente da APPO (Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca) Flavio Sosa, seu irmão Horacio, Ignacio García, e Marcelino Coache foram detidos na Cidade do México por policias federais. a captura se produziu como parte de uma verdadeira armadilha realizada pelo governo do presidente recém-empossado Felipe Calderón: os detidos se encontravam na cidade, representando a APPO, para dialogar com funcionários da Secretaria de governo, em um encontro previamente acordado.

Rapidamente ficou claro toda a hipocrisia das palavras da primeira mensagem presidencial de Calderón, chamando ao “diálogo com todas as forcas políticas para resolver os conflitos”. Também ficou explícito que sua resposta ante as lutas populares será a repressão. Uma repressão que, no caso de Oaxaca, já provocou 17 mortes, dezenas de feridos e cerca de 200 presos entre os membros da APPO.

Felipe Calderón assumiu como um presidente marcado por denúncias de fraude nas eleições nas quais foi declarado “vitorioso”. Contudo, ele nem sequer pôde realizar a tradicional cerimônia de posse no Congresso Nacional porque deputados oficialistas e opositores trocaram socos entre si. Quer dizer, mal iniciou seu mandato e seu governo já nasce extremamente debilitado.

Precisamente, para mostrar que não está débil, sua primeira ação foi aprofundar a repressão sobre o povo de Oaxaca e a APPO. Isto não e nenhuma casualidade. No marco da continuidade da política de seu antecessor Vicente Fox Quesada, de submeter o México a uma brutal colonização ianque por meio do NAFTA, Oaxaca era um “problema” que devia ser rapidamente resolvido.

Além do processo de luta oaxaquenho, o problema para a burguesia mexicana e o imperialismo era o fato de o exemplo da APPO começar a ser imitado em outros pontos do país, como forma de organizar-se para lutar: no Distrito Federal, várias organizações estão impulsionando a criação da APPF e também se discute a possibilidade de criar uma APPM (Assembléia Nacional). Por isso, a repressão busca não só quebrar a luta popular oaxaquenha, mas também destruir a APPO como referência de um modelo de organização popular.

Por isso, neste momento, para todos os lutadores e forças democráticas do México, América Latina e do mundo, está colocada uma tarefa urgente: realizar uma grande campanha nacional e internacional para deter a repressão em Oaxaca, conseguir a liberdade dos dirigentes e integrantes da APPO que foram presos e defender a existência legal desta organização popular.

No México, a LIT-QI considera que é imprescindível a ação mais unitária possível de todas as organizações políticas e sindicais, que não sejam cúmplices do regime para impulsionar essas ações. A CNTE (Coordenadora Nacional de Trabalhadores da Educação) tem uma responsabilidade especial em chamar e coordenar uma greve nacional, pois em Oaxaca o governo está atacando brutalmente os professores de seção 22. Também as expressões mais independentes do sindicalismo como a dos eletricistas.

O dirigente do PRD, Andrés Manuel López Obrador, tem uma imensa influência política sobre o povo mexicano e, por isso, tem a possibilidade e a obrigação de chamar a uma massiva ação contra os crimes realizados contra a população de Oaxaca e exigir a imediata libertação dos detidos. Os milhões que votaram em Obrador e os milhares que se mobilizaram contra a fraude eleitoral devem exigir que ele chame esses protestos.

Ao mesmo tempo, a LIT-QI chama a mais ampla solidariedade e uma grande campanha internacional, com cartas, declarações e atos em solidariedade com o povo de Oaxaca e a APPO, em repúdio a repressão realizada pelo governo de Felipe Calderón. Em vários países e cidades já estão sendo realizadas ações desse tipo. No entanto, é necessário ampliá-las.

Solidariedade com o povo de Oaxaca e a APPO!
Pelo fim da repressão!
Pela retirada da PFP de Oaxaca!
Imediata liberdade de Flavio Sosa e de todos os lutadores oaxaqueños presos!
Punição aos responsáveis pela repressão e assassinatos (Ulises Ruiz, Fox Quesada e Calderón)!
Fora Ulises!

6 de dezembro de 2006

Secretariado Internacional da Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional
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