Poucos dias atrás, a PFP (Policia Federal Preventiva) mexicana voltou a reprimir ferozmente uma manifestação da Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca em zócalo (centro) dessa cidade. A APPO denunciou que a repressão provocou 3 mortos, vários feridos e cerca de 40 detidos. Setores de manifestantes resistiram e se enfrentaram com a PFP.

A luta do povo de Oaxaca já dura seis meses. Primeiro enfrentaram o governador Ulises Ruiz do PRI (Partido Revolucionário Institucional) e, em seguida, o governo nacional, que enviou forças federais tentando fazer o que Ulises não conseguia: derrotar essa luta.

Durante meses, Vicente Fox, do PAN (Partido de Ação Nacional), vacilou em intervir em Oaxaca e “nacionalizar“ o conflito. Isso ocorreu em função da dura batalha eleitoral entre o candidato presidencial de seu partido, Felipe Calderón, e o opositor Andrés López Obrador do PRD (Partido da Revolução Democrática). Depois, diante das as denuncias de fraude que proclamou Calderón como vencedor e as massivas mobilizações convocadas por López Obrador. Mas uma vez legalizado o “triunfo“ de Calderón, Fox definiu cumprir a exigência que estva fazendo o imperialismo e a grande burguesia mexicana, expressada no pedido de seu sucessor de “resolver“ as grandes lutas populares, por meio de uma feroz repressão.

Sem dúvida, apesar da repressão, a luta do povo oaxaqueño se mantém firme em suas reivindicações econômicas, sociais e políticos. Esta disposição de luta se origina, em primeiro lugar, na grande pobreza que afeta a maioria dos habitantes do estado. O que os leva a enfrentar tanto o governo estadual do PRI como o nacional do PAN, defensores do avanço permanente da colonização dos EUA no México, por meio do NAFTA, que agrava cada vez mais essas condições de pobreza no país.

A APPO
Entretanto, o grande segredo da continuidade da luta dos oaxaqueños foi o grande avanço em sua organização que representou a formação da APPO que se transformou, de fato, em um “poder paralelo“ na cidade e em alguns outros pontos do estado. Na APPO participam as organizações sindicais, camponesas, indígenas, moradores dos bairros pobres, etc. A Assembléia já mostrou uma grande representatividade popular. Recentemente, realizou seu primeiro congresso, com mais de 2.000 delegados que ratificou seu programa de reivindicações, um plano de luta e a exigência de ¡Fora Ulises!

Além do processo próprio de Oaxaca, o exemplo da APPO começou a ser imitado em outros pontos do país, como forma de organizar-se para lutar: No Distrito Federal, várias organizações estão impulsionando a criação da APPF e também se discute a possibilidade de criar uma APPM (nacional). Por isso, a repressão busca não só quebrar a luta popular oaxaqueña, mas também destruir a APPO como uma referencia e um modelo de organização popular. Por isso, rechaçamos todas as tentativas do governo de Ulises e de Fox-Calderón de ilegalizar a APPO.

A luta continua
A insurreição de Oaxaca foi a expressão mais avançada da luta do povo mexicano. Mas ela também se expressou nas massivas mobilizações contra a fraude, apesar da inevitável capitulação de uma figura burguesa como López Obrador. A LIT-QI chama a continuidade dessa luta, começando pelo repúdio a criminal repressão em Oaxaca.

Na Cidade do México já foram realizadas várias mobilizações neste sentido. É necessário que elas se tornem massivas e se estendam a todo o país. O ex-candidato do PRD López Obrador condenou o uso da violência em Oaxaca e sua ocupação por forças federais. Expressou que “o caudal de mortos e desaparecidos notificados deixa a descoberto a perversidade política a que chegaram os que estão dispostos a exercer a repressão para conservar o poder”, condenou a cumplicidade entre o PAN e o PRI e exigiu a renúncia de Ulises Ruiz.

Mas a luta contra o regime não pode ficar só em declarações e denúncias, ou em se declarar “presidente legítimo”. Dentro de pouco dias, asumirá ao poder real o “presidente ilegítimo”, Felipe Calderón. López Obrador tem uma imensa influência política e por isso, a possibilidade e a obrigação de chamar a uma mobilização massiva contra os crimes de Oaxaca. Os milhões de pessoas que votaram nele, e as centenas de milhares que se mobilizaram contra a fraude devem exigir-lhe que o faça.

Ao mesmo tempo, a LIT-QI considera que é imprescindível a ação mais unitária possível de todas as organizações políticas e sindicais que não sejam cúmplices do regime para impulsionar essas ações. A CNTE (Coordinadora Nacional de Trabajadores de la Educación) tem uma responsabilidade especial em chamar à uma paralisação nacional, pois em Oaxaca estão atacando brutalmente aos professores de sua Seção 22.

Solidariedade internacional
Ao mesmo tempo, a LIT-QI chama a mais ampla solidariedade internacional com o povo de Oaxaca e em repúdio à repressão realizada pelo governo de Fox Quesada. Em Buenos Aires e em outras cidades do continente, já começaram a se realizar mobilizações neste sentido.

O governo do PAN tirou uma vez mais a máscara e mostrou claramente seu caráter antidemocrático, repressivo e sangrento.

  • Solidariedade com o povo de Oaxaca e a APPO!
  • Paremos já a repressão!
  • Pela retirada imediata da PFP em Oaxaca!
  • Imediata libertação aos lutadores oaxaqueños detidos!
  • Aparição com vida dos seqüestrados e desaparecidos!
  • Castigo aos responsáveis pela repressão! (Ulises, Fox e Calderón)
  • Fora Ulises!

    Secretariado Internacional da Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional
    São Paulo, 29 de novembro de 2006.
    www.litci.org