LIT-QI está a serviço da construção da IV Internacional

Três décadas em defesa do socialismo e da construção de uma direção revolucionária internacionalNo último dia 11 de janeiro completou-se 30 anos da fundação da Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI).

Três décadas se passaram da Conferência Internacional que foi realizada na cidade de Bogotá, Colômbia, com a participação de delegados de cerca de 18 países. A maioria destes delegados vieram da ex Fração Bolchevique (FB), corrente internacional cujo principal dirigente era o trotskista argentino Nahuel Moreno, nosso orientador e fundador, o qual faz 25 anos que não está mais fisicamente presente. Somaram-se aos dirigentes morenistas o venezuelano Alberto Franceschi e o peruano Ricardo Napurí, outros dois importantes dirigentes que haviam rompido com o lambertismo devido a diferenças irreconciliáveis no terreno dos princípios e da moral revolucionária.

Desta conferência de 1982 surge a LIT-QI, uma organização internacional que, desde seu início, ancorou suas bases no programa trotskista ortodoxo e funcionou internamente sustentado no regime leninista do centralismo democrático.

Trinta anos se passaram. Muitas águas já rolaram. As transformações e os acontecimentos que se sucederam na luta de classes mundial desde aquele janeiro em Bogotá foram muitas e profundas. Contudo estamos aqui, firmes no combate cotidiano contra o sistema capitalista-imperialista; firmes e com a mesma convicção de sempre na força revolucionária da nossa classe, a classe trabalhadora, e no futuro comunista da humanidade.

Continuadores de uma herança valiosa
Reivindicamos a atual LIT-QI como uma continuidade da luta permanente para manter vivo o programa revolucionário, pelo qual vários revolucionários batalharam ao longo da história do movimento operário, frente aos embates do imperialismo e das direções burocráticas e traidoras que atuam dentro dos movimentos sociais e operários.

A LIT-QI nasceu defendendo uma teoria, a teoria da revolução permanente; um programa, o programa de transição; um tipo de organização, a internacional, o partido mundial da revolução socialista baseado no centralismo democrático.

A defesa deste programa e de seus princípios organizativos foi fundamental há 30 anos e é ainda mais importante atualmente, quando a imensa maioria da esquerda mundial – incluindo muitas organizações que se dizem trotskistas – sucumbiu ao vendaval oportunista que veio com força na década de noventa e acabou abandonando completamente a luta pelo poder da classe trabalhadora – a perspectiva da ditadura revolucionária do proletariado. Batalhamos pela construção de uma direção revolucionária em escala mundial que tenha como principal objetivo a destruição do imperialismo e a construção do socialismo, primeiro passo para a sociedade comunista.

Cheios de emoção e orgulho militante, iniciamos uma campanha comemorando os 30 anos da LIT-QI, nossa organização internacional que, além de resgatar a herança do marxismo revolucionário desde seu início, tem sua origem na corrente trotskista nascida na Argentina em 1943, à qual Moreno foi um dos fundadores.

A LIT-QI é produto de duras batalhas que nossa corrente internacional – da mesma maneira que em seu período histórico fizeram Marx e Engels, Lênin e Trotsky – teve que liderar em defesa dos princípios, do programa, da política e da moral revolucionária contra todo tipo de correntes revisionistas, dentro e fora do próprio movimento trotskista internacional.

Assim, a LIT-QI é o mais importante legado teórico, político e organizativo de quase sete décadas de luta de nossa corrente em meio às mais fortes pressões, tanto de regimes ditatoriais como “democráticos” de vários países e continentes. É fruto de uma incansável luta por construir uma direção revolucionária internacional para a classe trabalhadora mundial em um combate permanente contra o oportunismo e o sectarismo.

Neste sentido é importante destacar o papel de Moreno. A construção do partido mundial para fazer a revolução socialista foi uma causa que Moreno dedicou seus maiores esforços desde 1948. Essa luta passou por várias fases: até 1953 na IV internacional unificada; até 1963 no Comitê Internacional; de 1963 até 1979 no Secretariado Unificado; na construção, em 1979, da Fração Bolchevique; e finalmente, com a LIT-QI, desde 1982. É possível constatar que a construção do Partido Mundial foi uma obsessão de Moreno durante toda a sua vida. Era, como o mesmo disse: “a prioridade número um do movimento operário”, ou seja, não existia tarefa mais importante. E com esta compreensão tão fundamental sobre o marxismo, construiu vários partidos e educou centenas de militantes e lutadores operários, populares, camponeses e estudantis.

Porém, ressaltar o importante papel de Moreno em nossa história não nos leva a cultuar sua pessoa. Não incentivamos este tipo de atitude. Pelo contrário, acreditamos que uma de suas principais contribuições foi de, apesar de sua enorme capacidade, buscar incessantemente construir e formar equipes de direção. Isto, junto ao método de reconhecer publicamente seus erros e corrigi-los, era uma constante em Moreno e uma característica inexistente na maioria da esquerda e do trotskismo. Tanto o partido argentino como todas as suas experiências de formar organizações internacionais estiveram marcadas por uma permanente batalha para que elas fossem dirigidas pelos organismos partidários, nunca por um caudilho ou dirigentes “infalíveis”. Por isso a LIT-QI nunca foi “a internacional do Moreno”. Moreno foi sim seu dirigente mais experiente e capaz, tal como Trotsky foi para a IV Internacional e Lênin para o partido bolchevique. Mas as decisões passaram sempre pelos organismos partidários, de forma democrática.

Ressaltar esta característica é muito importante até mesmo para explicar nossa própria existência atual. Foi por esse método de Moreno que a LIT-QI não desapareceu, apesar da terrível crise que nossa organização sofreu depois de sua morte e durante quase toda a década de noventa. Estes 25 anos, nos quais a LIT-QI continua lutando, sem Moreno para orientar, são a principal prova de que o nosso maior dirigente, acima de tudo, nos deixou sólidas bases teóricas, metodológicas e morais, sobre as quais pudemos, não sem muito esforço e perdas, superar nossa crise e, agora, nos apresentar como uma alternativa concreta de reagrupamento revolucionário internacional.

Construímos a LIT com a estratégia de reconstruir a IV Internacional
Para nós, a estratégia é a mesma que há 30 anos: reconstruir a IV Internacional. É a única saída que tem a humanidade para derrotar o imperialismo que a conduz sem pausa rumo à destruição.

É pela reconstrução da IV Internacional que nossos militantes, em cada país e em cada luta que a realidade e que nossas modestas forças nos permitem estar presentes, brigam para construir, com paciência e com uma confiança cega em nossa classe; uma direção internacional que possa dirigir a tomada do poder em escala mundial.

Não nos autoproclamamos ser “a” IV Internacional. Essa é uma tarefa que está colocada com urgência e, que deve ser tomada por todas e todos os revolucionários que concordem com a necessidade dessa reconstrução e com um programa com princípios que sejam coerentemente revolucionários para ela.

Somos conscientes de que essa não é uma tarefa apenas da LIT-QI, apesar de assumirmos como nossa prioridade. Nós construímos a LIT-QI, mas a serviço de uma tarefa maior, estratégica, que é reconstruir a IV Internacional. Construímos a LIT-QI para colocar todas as nossas forças militantes, todo nosso acúmulo teórico, programático e moral, nossa experiência concreta ao longo de quase 70 anos sendo parte das lutas do movimento operário e do trotskismo, a serviço de reconstruir a IV Internacional; e que esta, por sua vez, possa converter-se no que chegou a ser a III Internacional de Lênin e Trotsky: um verdadeiro Partido Mundial da Revolução Socialista.

Esta, que é uma necessidade histórica, está cada vez mais na ordem do dia; onde por um lado, o sistema capitalista-imperialista vive uma de suas piores crises econômicas, sociais e políticas, e por outro as massas começam a resistir aos ataques capitalistas em diferentes pontos do planeta, sendo focos de luta o continente europeu e o impressionante processo de revoluções no norte da África e no Oriente Médio.

Por essas e outras informações, companheira e companheiro, que os convidamos a acompanhar nossa campanha internacional de comemoração dos 30 anos da LIT-QI através de várias atividades, atos e materiais que iremos organizar e publicar durante o ano de 2012.

A partir de nosso site estaremos publicando diferentes textos resgatando nossa história e nossas posições históricas, assim como notícias das atividades que acontecerão nos diferentes países onde a LIT-QI atua. Começamos com um primeiro material, uma transcrição de uma das intervenções orais de Nahuel Moreno na Conferência de fundação da LIT em 1982, onde com razão anunciou que “a existência de uma tendência trotskista ortodoxa é um fato”, afirmando um dos axiomas que marcaram sua vida como dirigente revolucionário:

“Afirmo categoricamente que todo partido nacional que não esteja em uma organização internacional bolchevique, com uma direção internacional, comete cada vez mais erros e um erro qualitativo: por ser nacional-trotskista termina inevitavelmente renegando a IV Internacional e tomando posições oportunistas ou sectárias, para logo desaparecer. Ou se é trotskista e se vive em uma internacional, ou se desaparece”.

Tradução: Cynthia Rezende

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