Polícia Federal realiza "Operação Xepa" na Odebrecht
Agência Brasil

Fora todos eles! Documentos apreendidos mostram que não existe diferença entre governo, PMDB e PSDB

Não salva um. Documentos apreendidos em fevereiro pela Polícia Federal durante a chamada Operação Acarajé listam mais de 200 políticos que teriam recebido pagamentos da empreiteira Odebrecht. Heterogênea, a relação de nomes das listas traz ministros, senadores, deputados, governadores e prefeitos de amplo espectro partidário. É PT, PSDB, PMDB, PCdoB, e até mesmo o PSOL no nome do então senador da sigla Randolfe Rodrigues, hoje na Rede.

As planilhas estavam em imóveis do diretor da construtora Benedicto Barbosa Silva Júnior e relaciona nomes como o do atual ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wqgner, do atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha e de Renan Calheiros, presidente do Senado. Também dão as caras na lista da Odebrecht os senadores tucanos Aécio Neves, José Serra, o ex-senador José Sarney, o atual prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o ex-governador do estado, Sérgio Cabral, entre inúmeros outros.

As listas escancaram as relações promíscuas das grandes empreiteiras com os políticos, seja da base do governo do PT, seja da oposição burguesa. Aparentemente, os documentos mostram tanto as doações legais como as propinas pagas por debaixo do pano, mas de qualquer forma revelam um megaesquema de financiamento para ter nas mãos esses políticos. Segundo o blog do jornalista Fernando Rodrigues, em 2010 a Odebrecht destinou R$ 5,9 milhões à campanha eleitoral. Em 2012, foram R$ 25 milhões e em 2014, nada menos que R$ 48 milhões. Isso em doações declaradas.

Os documentos chamam a atenção pelo grande número de nomes que trazem e pela forma escrachada que tratam os políticos. Entre os codinomes utilizados para identificar os beneficiários do dinheiro, Eduardo Paes é o “Nervosinho”, Eduardo Cunha, o “Carangueijo” e o senador do PT do Rio, Lindbergh Farias, o “Lindinho”. A deputada estadual do PCdoB, Manuela d’Ávila, “Avião”, revelando o machismo tosco dessa ala da burguesia. Já um dos documentos apreendidos trata o cartel de megaempreiteiras de forma sarcástica como “Sport Club Unidos Venceremos”.

Odebrecht prepara “delação do fim do mundo”
As últimas revelações da Lava Jato mostram ainda que, longe de ser um esquema recente, o pagamento de propinas funciona desde pelo menos a década de 1980, contando com um departamento especial dentro da empresa só para isso. Ou seja, é uma prática antiga, sistemática e profissional.

Após a Operação Xepa, deflagrada pela Polícia Federal neste terça, 22, em escritórios da empreiteira, a Odebrecht anunciou que irá firmar acordo de delação premiada. A própria Odebrecht divulgou uma nota assumindo toda a bandalheira e dizendo que a Lava Jato “revela na verdade a existência de um sistema ilegal e ilegítimo de financiamento do sistema partidário-eleitoral do país“.

O anúncio do que a construtora chamou de “colaboração definitiva com a Lava Jato” vem causando pânico nos políticos em Brasília. A delação de Marcelo Odebrecht e de outros diretores da empreiteira pode causar um terremoto político que vai provocar, nas palavras dos próprios políticos, um cenário de “terra arrasada”. 

E agora Moro quer sigilo?
Na tarde desta quarta, o juiz Sergio Moro decretou o sigilo das planilhas da Odebrecht, com a desculpa de que elas relacionam pessoas com foro privilegiado. Moro, que vazou o grampo telefônico entre Lula e a presidente Dilma em nome do “interesse público”, intimou o Ministério Público Federal sobre o envio dos autos envolvendo a Odebrecht para o STF. Além disso, o juiz mostra-se preocupado com uma “prematura conclusão” dos pagamentos da Odebrecht.

Ao invés de tentar proteger as empreiteiras e agir de forma seletiva, por que Sérgio Moro não abre todo o sigilo envolvendo as investigações da Lava Jato?  Não seriam de “interesse público” também? É preciso investigar e punir a todos, inclusive a Odebrecht que, está mais do que provado, não é mais que uma máquina estruturada e profissional de corrupção. É preciso expropriar essa empreiteira, sem indenização, colocá-la sob o controle dos trabalhadores e a serviço dos intereresses da grande maioria da população, e não de meia dúzia de corruptos. Ou de 200. 

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