Incapazes de negar ligações com saques, líderes petistas tentam sair de cenaA listagem de saques milionários feitos na boca do caixa em contas de Marcos Valério, principalmente no Banco Rural (leia matéria “Quem e quanto sacaram!”, no site), já começou a produzir novos estragos no PT e no governo.

Procurando usar uma tática já utilizada por outros membros da cúpula petista (sair de cena antes que as coisas piorem), o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Rocha (PA), pediu licença do cargo até o início de agosto, depois da divulgação de que sua assessora Anita Leocádia fez um saque de R$ 470 mil. Também pouco criativo no que se refere à “desculpa” para a retirada, Paulo Rocha afirmou que a dinheirama foi utilizada para saldar dívidas do PT no Estado.

Em Belo Horizonte, outro dirigente petista, o presidente da Fundação Municipal de Cultura Rodrigo Barroso Fernandes, que tem status de Secretário Municipal na prefeitura petista, também pediu afastamento do cargo.

Fernandes, que foi tesoureiro na campanha de Fernando Pimentel (de quem é considerado “braço-direito”) consta como tendo sacado R$ 274 mil das contas da SMPB. E, seguindo a linha de outros denunciados, afirma que não tem a mínima idéia de como seu nome foi parar na lista.

João Paulo Cunha ameaçou renunciar
Segundo o jornalista Fernando Rodrigues, articulista da “Folha de S. Paulo”, outro que está à beira de um ataque de nervos é o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP), que ameaçou renunciar ao mandado diante da descoberta de que sua mulher, Márcia Milanesio, sacou R$ 50 mil das mesmas contas.

Consta que a renúncia só não foi encaminhada devido a intervenção do senador José Sarney (PMDB-AP) e do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), preocupados, evidentemente, com a repercussão do fato.

O aspecto mais curioso desta história é a justificativa que o próprio João Paulo deu para sua “indignação” diante da repercussão do saque: “Estou me sentindo usado (…) Há uns 20 dias tinham me falado que não iria aparecer nada. Que o saque era único e muito pequeno. Por isso eu havia mandado aquela explicação [sobre pagamento de contas de TV a cabo]. Foi um erro, pois agora veio essa surpresa para mim“.

Ou seja, o problema, de forma alguma, é a existência da falcatrua, mas sim a sua descoberta e, principalmente, o fato de ter dado uma explicação errada para a história. Em outras palavras, João Paulo parece se achar vítima da falta de combinação com Delúbio Soares, Silvio Pereira e Marcos Valério em relação à farsa dos empréstimos.

“Não vou cair sozinho”
Ainda segundo o articulista da Folha, João Paulo — que sonhava em ser candidato ao governo do estado de São Paulo — acredita que seu mandato está por um fio e ameaçou: “Não vou cair sozinho”.

E mais: declarou a gente próxima dele que os escândalos irão acabar respigando em Lula em “questão de dias“, pois “Marcos Valério tem ainda muitas cartas na mão”.