Denunciamos a todos os trabalhadores, trabalhadoras e a juventude o assassinato do professor haitiano Jean Anil Louis -Juste, intelectual e militante de esquerda, momentos antes do terremoto no Haiti, quando participava de uma manifestação estudantil em protesto contra a Minustah e o imperialismo. Jean foi morto por dois jovens identificados como macoutes [1] e a imprensa haitiana logo apressou-se em apontar o crime como resultado de um assalto.

Jean Anil era professor de Sociologia da Université d’État (UEH), um dos espaços de referência nas lutas pelo 1º de maio independente e pelo reajuste do salário mínimo, em agosto e setembro de 2009. A Faculdade de Ciências Humanas, onde trabalhava, foi cercada e atacada diversas vezes este ano pela Minustah.

Denunciava permanentemente a situação do Haiti, mostrando como este país tornou-se tão empobrecido, resgatando com orgulho as lutas históricas de seu povo. Era crítico severo da submissão dos governos de seu país à dominação e exploração imperialista, que submete seu povo a condições terrivelmente degradantes, assim como denunciava a presença da Minustah (Missão das Nações Unidas pela Estabilidade do Haiti) naquele país.

Jean Anil Just fez pós-graduação no Brasil (mestrado e doutorado). Em 1999 concluiu o mestrado na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), defendendo a tese “As Metamorfoses do Movimento Camponês no Haiti” e, em 2007, concluiu o doutorado, também na UFPE com a tese “Internacional Comunitária: ONG’s chamadas alternativas e projeto de livre individualidade Crítica à parceria enquanto forma de solidariedade de espetáculo no desenvolvimento de comunidades no Haiti”.

Todos que conhecemos Jean Anil, seu caráter austero, altivo, seu aguçado senso crítico, sua incessante busca pelo conhecimento para contribuir com a libertação do seu povo, sua compreensão da necessidade de emancipação da classe trabalhadora não só no seu país, mas no mundo, sentimos uma tristeza profunda com esta perda irreparável para seus amigos aqui no Brasil, para os seus familiares, para a classe trabalhadora e a juventude haitianas.

Neste momento de dor e comoção pela tragédia que se abateu sobre o país, homenagear Jean é intensificar todo apoio e solidariedade ao povo haitiano, exigir do governo Lula a imediata retirada das tropas brasileiras do país, ajuda humanitária efetiva (alimentos, água, remédio, profissionais da área da saúde, dinheiro, etc.). E que o próprio povo defina os rumos da reconstrução do seu país.

JEAN ANIL LOUIS-JUST. Presente!



[1] Relacionada com a milícia Tonton Macoutes, criada pelo ditador Papa Doc, e responsável por incontáveis assassinatos e torturas no país. Em creole, significa “bicho papão”

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