Ativista do movimento GLBT e militante do PSTU foi agredido e não recebeu proteção da polícia, que assistiu a ameaças de bando homofóbicoDesde o ano passado, uma onda de agressões a homossexuais tem ocorrido em São Paulo. Foi nesse contexto que, na madrugada de 23 de março, o estudante Guilherme Rodrigues, ativista do movimento GLBT e militante do PSTU, sofreu um ataque covarde na Rua Augusta, região central de São Paulo. Ele parou num posto de gasolina, na esquina da Rua Peixoto Gomide, quando avistou quatro garotos tentando agredir um casal gay.

O casal fugiu, mas os delinquentes não se conformaram e partiram para cima de Guilherme com empurrões, socos e chutes. Os funcionários do posto de gasolina intervieram, mas não adiantou. Uma viatura que passava por ali parou. Porém, em vez de segurança, o ativista sentiu descaso e preconceito.

A policial que estava no local se recusou a reconhecer o ato como crime de homofobia e tentou dissuadir a vítima de abrir o Boletim de Ocorrência. “Ela dizia: ‘Tem certeza de que quer ir pra delegacia? Quando sair de lá é cada um por si’, dando a entender que eles poderiam me pegar de novo”, relatou Guilherme.

Na delegacia, ela forneceu a versão dos bandidos: a de que Guilherme tinha “dado em cima” deles de forma vulgar. Foi preciso um funcionário do posto testemunhar e desmentir a versão. O homem confirmou que Guilherme fora agredido por ser gay. Os quatro criminosos não se intimidaram nem com a polícia e continuaram ameaçando. “Eles diziam que iam me pegar, que sabiam quem eu era, não pararam de me ameaçar nem na delegacia, na frente da polícia”, diz Guilherme.

Apesar de tudo, o BO foi registrado. Foram consumados os crimes de lesão corporal, injúria e ameaça. No entanto, a formalização da denúncia só se deu pela persistência e coragem de Guilherme, e não porque a polícia cumpriu sua tarefa.

Mas essas não foram as únicas aberrações. A vítima teve negado o direito a usar o telefone. Durante o registro do BO, teve de dar seus dados, inclusive telefone e endereço, no mesmo local onde se encontravam seus agressores. Na saída, os criminosos foram liberados junto com ele. Guilherme teve de contar com a ajuda de amigos para ir embora. No dia seguinte, ele foi ao IML, onde houve “constatação de lesão”.

Impunidade criminosa
Esse não é um fato isolado em São Paulo, infelizmente. Nos últimos meses, uma série de agressões e atos homofóbicos aconteceu, principalmente na região onde Guilherme foi vitimado. Em geral, as agressões partem de bandos fascistas, compostos por jovens brancos de classe média que se organizam e saem às ruas para “caçar” gays. A impunidade e o preconceito abrem espaço para que grupos criminosos como este sigam se organizando e atacando livremente.

Entidades repudiam ataque
O ataque homofóbico gerou grande repercussão na imprensa, chegando a abrir o Jornal Nacional do dia 25. A agressão também provocou o repúdio de diversas entidades sindicais e de luta em defesa dos GLBTs, que enviaram notas e moções de solidariedade a Guilherme.

Enviaram notas de solidariedade Luiz Mott, dirigente do Grupo Gay da Bahia, a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) e o Coletivo LGBT 28 de Junho.

Post author da redação
Publication Date