A imagem dos mineiros espanhóis entrando em Madrid emocionou todos os que lutam pelo socialismo, em todo o mundo. Uma multidão de 50 mil pessoas esperou a chegada dos mineiros, às 22h30, e os acompanhou até as duas da madrugada de um dia de semana. O coro “Madrid obrero apoya a los Mineros” (Madri operária apoia os mineiros) agitou a noite espanhola.

Essa imagem deve ficar gravada na memória dos trabalhadores brasileiros. É a reedição, na Espanha, de cenas belíssimas que já vimos por aqui. As greves operárias do final dos anos 70 e durante toda a década de 80 foram o sinal da entrada, no cenário político, da classe operária. Aquelas mobilizações ajudaram a derrotar a ditadura militar e enfrentaram os planos de arrocho da burguesia. Hoje, os mineiros espanhóis são parte da vanguarda operária que enfrenta os planos de austeridade com que burguesia europeia quer fazer com que os trabalhadores paguem a crise.
É importante guardar na memória a cena dos mineiros caminhando pelas ruas de Madrid e chegando à Praça Puerta Del Sol. Os ventos que sacodem a Europa são parte de uma crise mundial que já está afetando o Brasil. O país não está em crise, mas tanto o governo como a burguesia já se preparam para enfrentá-la. A dureza da patronal e do governo no enfretamento das greves é parte disso.

Os mineiros espanhóis, ao passarem em frente da sede do PSOE em Madrid, cantavam “lo llaman socialista y no lo es, oe, oe, oe…” (“Se chama socialista, mas não é”). Com isso mostravam seu repúdio não só contra o governo da direita, mas também contra a social-democracia, que governou o país até o ano passado, e o levou a essa crise.
Como subproduto das greves metalúrgicas do ABC, foram fundados o PT e a CUT. Hoje, o governo petista, com apoio da CUT, aplica o mesmo plano econômico da social-democracia europeia, repudiado pelos mineiros. Uma greve do funcionalismo federal, há dois meses, se enfrenta com o governo petista.

Infelizmente, os trabalhadores brasileiros não veem no PT o que os mineiros espanhóis enxergam no PSOE. Nem, tampouco, entendem que o PT tem o mesmo programa da oposição de direita. Ao contrário, ainda apoiam majoritariamente o PT. E, quando negam o PT, votam em maioria em candidatos da oposição de direita.
Os ativistas no Brasil que se emocionam com a luta dos mineiros espanhóis têm a obrigação de apoiar o funcionalismo federal em greve, assim como todas as lutas no país.

E seria muito importante que tirassem as mesmas conclusões políticas dos mineiros, que estão rejeitando tanto a direita do governo Rajoy como a social-democracia, do PSOE. Aqui no Brasil, tanto o governo petista como a oposição de direita têm o mesmo programa neoliberal. O plano econômico petista é o mesmo que foi aplicado por FHC.
O governo Dilma bloqueou a votação da emenda que elevaria os gastos com a saúde, com o apoio do PSDB e DEM. Nas eleições, tanto os candidatos do bloco governista como os da oposição de direita vão prometer melhorar a saúde “como prioridade”. Depois, quando assumirem os governos, vão seguir aplicando os mesmos planos de privatização e destinando poucas verbas para a saúde.

Nós, do PSTU, saudamos os mineiros em luta na Espanha. Apoiamos os companheiros do Sindicalismo Alternativo que ajudaram a organizar a marcha por fora do controle da burocracia sindical. Também, nos emocionamos com as bandeiras de Corrente Roja, nosso partido irmão espanhol, na vanguarda da marcha mineira.
E, além de tudo, chamamos os ativistas brasileiros a tirarem suas próprias conclusões das lições de Madrid.
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