Luta Popular

Igo Ngo é rapper, do grupo Resistência du Gueto, percussionista, produtor musical e cineasta na empresa 2as Marias Produções. Um jovem negro paulistano que tem dedicado sua vida e sua arte para combater o racismo, defender os povos indígenas e as famílias que não possuem moradias adequadas, através do Movimento Luta Popular.

É atualmente um dos principais dirigentes do Movimento Hip Hop Quilombo Brasil, organização nacional de Hip Hop, que possui grupos filiados de várias regiões do país. Em São Paulo, a organização filiada ao MHMQB chama-se O3 (Ouvir, Ousar, Organizar), movimento que Igo ajudou a fundar e a difundir pelas periferias.

Também é um dos organizadores da Marcha da Periferia em São Paulo, evento de cunho político-cultural que ocorre durante o mês de novembro em referência à consciência negra e à luta antirracista. Na Zona Sul, ajudou também a construir o Comitê Mestre Môa do Katendê e constrói trabalhos de mobilização em diversas comunidades, como na favela do Olaria, onde faz cinema para jovens e crianças.

No último encontro da Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas) esse irmão participou de uma das apresentações culturais mais empolgantes que arrancou lágrimas dos olhos de centenas de lutadores ali presentes, cantando e protestando junto com representantes do povo indígena Guarani Mbya da aldeia Tenondé Porã, extremo sul da Zona Sul de São Paulo.

Igo tem uma série de clipes publicados no YouTube, dentre os quais o clipe “Nhanderu ” que gravou justamente com membros desta comunidade indígena, com quem constrói relações cotidianas de troca, aprendizado e solidariedade.

Em 2020, antes da pandemia, coletou imagens e depoimentos de povos indígenas por vários países da América, em particular no Chile, que vivia um dos levantes populares mais importantes da recente história do nosso continente. Durante a pandemia, ajudou a organizar uma ação de solidariedade na aldeia Sapukaí, em Bracuí, Angra dos Reis, que coordenou pelo Luta Popular, com o apoio da CSP-Conlutas, Sindsef-SP e Sindicato dos Petroleiros de Angra dos Reis/RJ. Recentemente, estava organizando junto com ativistas da baixada santista e membro do Sindicato dos Petroleiros de Santos uma nova ação de solidariedade nas aldeias da região. Ainda, com os voluntários do Projeto Superação conseguiram apoiar com alimentos 11 aldeias no estado de São Paulo.

Igo estava planejando a festa de aniversário do seu filho e se organizando para – mais uma vez – estar presente na reunião de planejamento de começo de ano do movimento Luta Popular, do qual é um antigo e importante membro e dirigente. Deste modo, queremos dizer em alto e bom tom que o histórico de Igo é de ofertar conhecimento, esperanças, autoestima, cultura ao seu povo e não de furtar bens materiais.

Igo Ngo está privado de liberdade, privado de estar ao lado dos seus. O racismo que rege nosso país mata e prende a juventude negra e periférica. Não foi a cor da camisa (supostamente identificada pela vítima) que prendeu Igo, foi a cor da pele que está por baixo da camisa. Até o momento, os familiares de Igo, amigos e parceiros de militância estão impedidos de ter contato com ele. É necessária toda solidariedade com nosso irmão e com toda a juventude negra e periférica presa injustamente no Brasil.

Quem é das periferias de São Paulo, particularmente da Zona Sul da capital ou da Praia Grande, sabe das qualidades desse ativista jovem e negro e sabe que sua caminhada sempre foi pelo certo, pelos humilhados e oprimidos, pelo direito à expressão, à diversidade e à vida. Sua caminhada sempre foi pela liberdade e nela não tem mácula, nem terá.

Liberdade já para o irmão Igo!

Luta Popular
Movimento Hip Hop Quilombo Brasil
CSP-Conlutas
Comitê Mestre Môa do Katendê Capão Redondo
Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal de São Paulo
Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro
Voluntário ativo do Projeto Superação