A VERDADEIRA REALIDADE EM MINAS: O QUE A PROPAGANDA OFICIAL NÃO MOSTRA

“O Brasil, definitivamente, não conhece Minas Gerais. Qualquer turista desavisado que chega ao Estado, provavelmente achará que está em uma Suíça tropical, de tão bombardeado que é pela campanha publicitária milionária empreendida pelo atual governador.

Outdoors espalhados pelos quatro cantos de Minas, inserções maciças nos meios de comunicação – em horário nobre da TV e do rádio, em páginas inteiras de jornais e em revistas de circulação nacional – tentam passar à opinião pública uma imagem muito distorcida da realidade: déficit zero, educação de primeiro mundo, segurança a toda prova, saúde e atendimento a tempo e a hora… Definitivamente, esta “Suíça” retratada não é a nossa Minas Gerais, mas há quem caia no conto da sereia.

Como dizia Guimarães Rosa, “Minas são várias”. E são exatamente as outras várias faces de Minas – da carência, da falta de estrutura, do desemprego, do pobre que morre na fila à espera do atendimento médico, da escola sem carteira, sem merenda e sem professor – que passam em brancas nuvens, escondendo, assim, a dura realidade do povo mineiro.

O que a opinião pública não sabe é que os gastos do governo de Minas em propaganda superam, em muito, os investimentos que são feitos em áreas sociais estratégicas e fundamentais, como habitação, saneamento, cultura, lazer e esporte, reforma agrária, entre tantas outras.

A imagem de bom moço e de gestor moderno do governador do estado, infelizmente, é reforçada pelos veículos de comunicação. A liberdade de imprensa – um dos sustentáculos da democracia – está seriamente ameaçada de morte, sendo que jornalistas já foram punidos por mostrar falhas do atual governo do Estado.

Na Educação, setor que sempre aparece na lista de prioridades dos discursos políticos, as dificuldades não são menores. Nas peças publicitárias, o governador enaltece o que chama de valorização profissional, mas paga um salário de miséria ao educador que dá duro na sala de aula. Para se ter uma idéia, R$ 212 é o piso-base do professor P1 (de 1ª a 4ª série do ensino fundamental).

Há dez anos sem reajuste, os(as) trabalhadores(as) em educação lutam para ver aprovada a tabela salarial do Plano de Carreira, mas esbarram na resistência e na falta de negociação por parte do Estado. São poucos também os que sabem que os educadores, obrigados a cumprir jornadas estressantes de trabalho para garantir a sobrevivência, em salas superlotadas, estão adoecendo.

Metade da categoria sofre da síndrome da desistência (bournout) resultado da angústia diária provocada pela consciência da importância de seu papel social e de tudo que pode proporcionar, contrapondo-se a tantos obstáculos impostos por um sistema educacional precário.

Qualquer pessoa que se dispuser a conversar com os servidores ou percorrer escolas públicas mineiras irá constatar a precariedade das condições de trabalho e de salários e a distância existente entre a propaganda oficial e a rotina do dia-a-dia.

Não podemos falar em resgate da qualidade da educação pública sem perspectivas de valorização profissional para trabalhadores em educação, nem política educacional que invista em projetos capazes de acolher crianças e jovens nas escolas públicas e garantir-lhes permanência e sucesso escolar.

Para nós, a permanência do aluno na escola é indispensável, mas ele precisa estar nela aprendendo e crescendo. Defendemos a permanência nas salas de aula com qualidade social, o que significa fazer do aluno um sujeito que esteja apto a analisar o mundo, ler, aprender, e, mais do que isso, se posicionar criticamente na sociedade.

A educação pública gratuita, com qualidade e inclusiva, é direito de todos. É por isso que convocamos a sociedade a participar desta luta e a desmascarar a farsa que tem sido a política educacional em Minas. Contamos com seu apoio.“

Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG)