Revolução e contra revolução na Venezuela

A situação política na Venezuela é empolgante e, ao mesmo tempo, extremamente preocupante. Neste país há um processo revolucionário, que se iniciou com o Caracazo em 1989, colocando em crise todas as instituições, inclusive as forças armadas.

Para impedir o seu avanço, a burguesia e o imperialismo norte-americano até já organizaram um golpe de estado, em 11 de Abril de 2002, mas ele foi derrotado por uma impressionante ação insurrecional das massas dois dias depois, colocando em um patamar distinto o processo revolucionário.

Chávez não chamou a resistência ao golpe e não reprimiu os conspiradores, por isso em Dezembro, a patronal realizou um Lock-out contra-revolucionário. Novamente as massas em uma luta duríssima nos bairros e nas fábricas impuseram uma nova derrota.
Mas o imperialismo e a patronal não desistiram.

Bush quer derrubar Chavez

Apesar de Hugo Chávez continuar a pagar dívida externa pontualmente, de manter o fornecimento de petróleo aos Estados Unidos e não se retirar das negociações da Alca, ele as vezes faz declarações contra o imperialismo norte-americano e denuncia o neoliberalismo.

Como o imperialismo não está disposto a admitir nenhuma insubordinação e como Venezuela tem uma importância geopolítica e econômica fundamental, Bush apóia e patrocina a oposição golpista.

A atual campanha da oposição é por um `referendo reconvocatório` para tirar Chavez, para isso recolheu assinaturas em um abaixo assinado, e agora, como o Conselho Nacional Eleitoral identificou muitas assinaturas falsas, estão indo as ruas para tentar ganhar no grito.

Um debate necessário:A política de Chávez ajuda o imperialismo

Muitos ativistas e revolucionários honesto acham que Chávez é um `novo líder revolucionário`, um `novo representante do nacionalismo burguês` ou pelo menos um `instrumento` necessário para avançar com o processo revolucionário, por isso em nome da unidade de ação se negam a criticar e a se enfrentar com Chávez.

Frente aos ataques imperialistas todos os revolucionários e suas organizações tem a obrigação de se enfrentarem com os golpistas, mas isso não deve impedir de dizer a verdade as massas: Para derrotar o imperialismo é necessário derrotar a política de Chávez tanto no plano econômico como das concessões aos golpistas.

Chávez segue cumprindo seus compromissos com o imperialismo; aplica os planos com as exigências do FMI; nunca propôs reverter a abertura petroleira, que abriu o país para as multinacionais explorarem o petróleo; não ataca nem mesmo os interesses dos burgueses golpistas.

Golpistas confessos e convictos como Gustavo Cisnero dono de canais de televisão, continuam em liberdade utilizando a sua emissora para organizar novos golpes. Nenhum grande grupo econômico foi expropriado, entre eles, o Grupo Polar que detém 70% da distribuição de farinha e outros alimentos, e que durante o Lockout patronal fechou as portas deixando a população pobre passar fome.

Com isso os salários continuam baixos, a inflação é alta e o desemprego já passa dos 20%. Esta situação da base para que a oposição consiga o apoio em setores das massas.

Como Allende no Chile, a política de Chavez vai levar a sua própria derrota. Mas ele prefere ser derrotado pela burguesia a deixar que o processo revolucionário siga e os trabalhadores cheguem ao poder.

O processo insurrecional impôs várias derrotas a burguesia e ao imperialismo, mas como não se aplasta a contra-revolução sempre volta a assombrar novamente.

Construir uma direção revolucionária alternativa para seguir a revolução

É fundamental construir uma organização revolucionária independente da classe trabalhadora, em oposição e pela esquerda do governo Chavez.

Essa é a única alternativa para derrotar a burguesia e o imperialismo. Devemos exigir a imediata aplicação de medidas antiimperialistas que hoje o governo de Chávez não está disposto a fazer como: a ruptura com o FMI, o não pagamento da dívida externa, a retirada das negociações da Alca, expropriar as empresas nacionais e estrangeiras que financiam, apóiam e conspiram contra a revolução, a expulsão de todos os golpistas da petroleira PDVSA e a instituição do controle operário na produção. Também deve ser realizado o armamento massivo do povo e sua organização em comitês de defesa da revolução para enfrentar qualquer nova iniciativa dos golpistas.