Após sete meses de governo Lula confirma-se o aprofundamento da política econômica aplicada nos dois mandatos de FHC.

Todo o receituário do Banco Mundial e do FMI continua sendo obedecido e, segundo o próprio governo (vide documento Políticas Econômicas e Reformas Estruturais – produzido pelo ministro da Fazenda), norteará todo o seu mandato.

Em conseqüência, nunca se enviou tanto dinheiro para pagar a Dívida Externa e aumenta-se o superávit primário às custas do corte de recursos principalmente nas áreas sociais (saúde, educação,…). Temos a aprovação da Reforma da Previdência em 1º. turno no Congresso Nacional e a continuidade das negociações da ALCA, cuja vice-presidência das negociações e dividida por Lula e Bush. Além disso, acena-se com mais ataques à classe trabalhadora e à juventude no próximo período através da Reforma Tributária e da Reforma Trabalhista que ameaçam direitos históricos conquistados com muita luta.

Em uma clara demonstração de sua opção política, o governo Lula, apóia-se nos 27 governadores e nos partidos da burguesia (distribuindo verbas e cargos em troca de voto) para aprovar, de forma vergonhosa em meio à madrugada, a Reforma da Previdência, criminaliza os movimentos sociais e, através do PT, exige que seus parlamentares votem contra os trabalhadores. A ação da Tropa de Choque no Congresso e a desocupação truculenta do Prédio do INSS promovida pela Polícia Federal são provas contundentes da disposição política do governo em satisfazer os interesses do mercado. É evidente que a perseguição aos parlamentares como Luciana Genro, Babá e Heloísa Helena, é devida a critica que estes fazem ao caráter do governo.
Os índices sociais continuam piorando com o governo Lula. Cerca de 600 mil trabalhadores perderam os seus emprego no último semestre e a perspectiva de geração de empregos, com a política que está sendo aplicada, inexiste.
Já como parte da compreensão do caráter e das limitações deste governo, os trabalhadores iniciam, com vitalidade, um grande processo de lutas no país que se verifica com a intensificação das ocupações promovidas pelo MST e pelo Movimento dos Sem Teto e que tem, como ponto mais forte, a greve nacional dos servidores públicos de mais de 30 dias e que promoveu uma das maiores manifestações que já ocorreram em Brasília, com mais de 70 mil pessoas.

Essas lutas são manifestações concretas, portanto legítimas, da resistência e combate à política aplicada no Brasil, no mínimo nos últimos doze anos, hoje, intensificada por Lula.

Portanto, faz-se necessário o total apoio por parte da UNE a estas lutas. Além disso, cabe a UNE exigir que lula pare imediatamente de pagar a Dívida Externa e que cancele todos os acordos com o Fundo Monetário. Que a UNE exija a expulsão dos ministros burgueses do governo e que Lula governe apoiado nas organizações dos trabalhadores.

Só assim poderemos avançar no sentido de satisfazer o desejo e a necessidade das mudanças tão imprescindíveis para melhorar a vida dos trabalhadores do país.
Mais do que nunca se faz necessário o chamado à mobilização dos trabalhadores e da juventude para, de fato, derrotar o neoliberalismo no país.

Cabe à União Nacional dos Estudantes se somar à greve dos Servidores Públicos e combater a Reforma da Previdência, efetivando uma real autonomia frente ao governo.

Brasília, 10 de agosto de 2003.

José Erinaldo Júnior – Executiva da UNE / diretor de Universidades Públicas
Marcelo – Diretor da UNE
Denise Mega de Miranda – Diretora da UNE