“Há tempos, nós estudantes da PUC-SP, estamos vendo um crescente processo de anti-democratização da universidade. Os estudantes têm sido tolhidos dos seus direitos democráticos mais básicos: como o livre uso dos espaços do campi, e o direito de circular livremente, já que somos vigiados em nosso cotidiano por câmeras e seguranças. Até mesmo a permanência na universidade tem sido posta em xeque, pois as bolsas e a garantia de matrícula dos estudantes inadimplentes foram cortadas.

A reitoria tem buscado cercear o direito de organização dos estudantes com a reforma física dos espaços que hoje são ocupados pelos Centros Acadêmicos. Isso acontece em conjunto ao fechamento de cursos, ao não pagamento dos salários dos professores, e à flexibilização dos direitos historicamente adquiridos dos funcionários.

Temos aí um quadro drástico do que uma instituição de ensino pode se tornar quando passa a atender a interesses que não à educação. A mercantilização do ensino é um fenômeno que se torna cada vez mais aparente e inegável. Como estudantes e futuros pesquisadores das mais diversas áreas do conhecimento, entendemos que não podemos continuar passivos frente a esse processo. Não podemos nos esquivar do nosso papel de questionar e dar uma resposta à precarização da qualidade de ensino, que os interesses de mercado nos impôem..

Nós, estudantes da PUC-SP temos levantado a bandeira da redução de mensalidades há vários anos. Desde então buscamos por via das festas gerar espaços de interação e discussão, servindo também para a arrecadação de fundos para garantir a ida aos encontros e a nossa independência financeira. A questão da independência financeira é extremamente importante, pois garante que nós não tenhamos nenhum tipo de “patrocínio“ da reitoria, e portanto possamos garantir as nossas posições políticas, culturais e ideológicas.

O estopim da atual ocupação é a punição aleatoriamente por parte da reitoria a alguns estudantes. Por “coincidência“ a única coisa que todos os punidos têm em comum é a condição de serem bolsistas, ou inadimplentes e ativistas do movimento estudantil.

A nossa ocupação não é motivada por um fato único como a punição dos estudantes. Ver a ocupação só por este viés é enxergar um dos frutos que a reitoria vem plantando com medidas que vão contra os estudantes, funcionários e professores.
Reafirmamos que manteremos a reitoria sob ocupação até que nossas necessidades como um todo sejam supridas.

Entendemos ser de extrema importância que todos os estudantes da PUC-SP que estão de acordo com as nossas posições, mas ainda não integram a ocupação, que participem e dêem corpo a um novo tipo de movimento estudantil. Que esse movimento que hoje se inicia consiga ser uma ponta de lança na luta, não só internamente à PUC, mas que sirva como referência para todos os estudantes que buscam uma universidade que esteja realmente a serviço dos nossos interesses.

Em defesa da comunidade puquiana!

Estudantes em ocupação