A tragédia causada pelas enchentes expõe definitivamente a verdadeira situação de miséria e descaso dos governantes nas grandes cidades. O que vimos foi a repetição de cenas que, todos os anos, deixam milhares de pessoas desabrigadas. Desta vez, mais de 104 mil pessoas perderam suas casas. Na sua imensa maioria, trabalhadores pobres ou desempregados, que são obrigados a habitar áreas de risco, pela total impossibilidade de morar num local seguro.

É um verdadeiro absurdo querer culpar as “forças da natureza” pelas tragédias causadas pelas enchentes, como fez a prefeita Marta Suplicy. O que todos os governantes tentam esconder é que o principal responsável pela repetição dessas tragédias é a falta de investimentos em habitação, saneamento e infra-estrutura, necessários para evitar as enchentes.

Por isso, as declarações de Lula soam como demagogia. Em visita às famílias, ele responsabilizou o poder público por não ter, historicamente, tratado os pobres com decência, prometendo criar condições para que, no ano que vem, o povo não seja vítima outra vez.

No ano passado, Lula prometeu a mesma coisa quando as enchentes castigavam o Rio de Janeiro. O que Lula não diz é que, com a manutenção da política econômica do FMI, ele não acabará com o flagelo das moradias em áreas de risco e com a tragédia das enchentes.

No mesmo dia em que famílias e bairros inteiros estavam embaixo d’água, os principais jornais do país estampavam manchetes divulgando dados referentes aos bilhões de dólares enviados pelo governo aos banqueiros para pagar a dívida externa. As verbas dos Ministérios das Cidades e da Integração Nacional, destinadas a investimentos de infra-estrutura, e que deveriam prevenir enchentes, foram as que mais sofreram cortes para fazer caixa para o FMI.

As prefeituras, por sua vez, como a de São Paulo, por exemplo, governadas ou não pelo PT, seguem outro “mandamento” do FMI: respeitam e defendem a Lei de Responsabilidade Fiscal, que prioriza o pagamento da dívida aos banqueiros e não os gastos sociais.

Para que o povo pobre não continue naufragando em enchentes, é preciso acabar com a lei de Responsabilidade Fiscal e toda a política econômica do FMI, aplicada por Lula.

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