Por ano no Brasil cerca de um milhão de mulheres fazem aborto. Contudo, apenas as ricas estão livres de qualquer perigo para a saúde, por terem acesso a caríssimas clínicas. Já as mulheres pobres ficam expostas a graves perigos nas clínicas clandestinas ou pelo uso de métodos caseiros. O resultado: a cada ano, cerca de 150 mil mulheres morrem ou ficam com seqüelas graves, fazendo do aborto a terceira maior causa de morte entre as mulheres.

Essa situação dramática só ocorre porque a prática do aborto é condenada no Brasil. Os únicos casos permitidos por lei são a gravidez resultante de estupro ou quando há risco de morte para a mãe.

Seja qual for a sua situação, uma mulher tem que ter o direito de decidir sobre seu próprio corpo. Se ela decide ter o filho, tem que ter acesso às condições básicas para ser mãe. Se ela decide abortar, tem que ter acesso a um hospital público, com toda a assistência necessária. Esse direito básico é negado à mulher trabalhadora e pobre.

Contra aqueles que se opõem ao aborto em nome da “defesa da vida”, lembramos que o verdadeiro direito à maternidade é o de poder ter um filho e criá-lo com dignidade e que, ao mesmo tempo em que a mulher trabalhadora e pobre, não tem direito a decidir sobre seu próprio corpo, o Estado não lhe dá o direito de ser mãe quando deseja, tornando o Brasil um dos países com maior índice de mortalidade materna.

As mulheres devem estar à frente dessa luta, mas ela deve ser assumida por toda classe trabalhadora. Os sindicatos devem empunhar essa bandeira, exigindo do governo que amplie imediatamente o número de hospitais que praticam o aborto legal e estenda o aborto legal para todos os casos, com acesso amplo e público aos métodos anticoncepcionais.

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