A partir das jornadas de junho de 2013, o Brasil entrou na rota das grandes mobilizações internacionais, com a juventude e a classe trabalhadora sacudindo o país. Estamos aprendendo e ensinando com o exemplo das manifestações de rua e das greves, como fizeram os garis do Rio de janeiro e os metroviários de São Paulo.

Nada será como antes. A popularidade do governo Dilma caiu drasticamente e nunca mais recuperou os índices de antes de junho de 2013. A indignação do povo, em especial da juventude trabalhadora, se voltou contra o PT. A direita tradicional tentou capitalizar o desgaste de Dilma, mas os jovens e trabalhadores brasileiros sabem muito bem que os tucanos são mais do mesmo.

Até a morte de Eduardo Campos, o cenário eleitoral era marcado por um grande número de indecisos. Agora, com a entrada de Marina Silva na disputa, deu-se uma reviravolta. Nas últimas pesquisas de intenção de voto, a nova candidata do PSB aparece com reais chances de vitória, ocupando o espaço que antes era de indecisos, brancos e nulos. No entanto, em nossa opinião Marina Silva não é uma alternativa à polarização entre PT e PSDB.

 

O PT mudou a vida da juventude brasileira?

Depois dos oito anos de PSDB no poder, com seusataques aos direitos sociais e suas privatizações, muitos jovens depositaram suas esperanças de mudança em Lula e Dilma. Porém, após três governos do PT, as condições de vida da juventude brasileira continuam muito difíceis.

À procura de trabalho e de formação acadêmica e profissional, os jovens lutam diariamente por um presente melhor e um lugar no futuro, enfrentando a falta de serviços públicos de qualidade e de liberdades democráticas.

A educação pública está sucateada. O ensino fundamental e médio é de péssima qualidade e o superior é muito elitizado. O filtro do vestibular afasta negros e pobres das universidades públicas. A imensa maioria da juventudenão chega ao ensino superior e técnico.

Hoje, apenas 15% dos jovens com idade universitária estão matriculados no ensino superior e, destes, 70% pagammensalidades abusivas nas faculdades privadas ou endividam-se através de financiamentos, como o FIES.

Mesmo aqueles que já alcançaram o sonho de terminar um curso superior trabalham em funções e com salários que não correspondem à formação acadêmica e profissional que conquistaram. Os piores empregos, geralmente com contratos de estágios e temporários, são destinados aos mais jovens sem experiência.

Por volta de 60% dos postos de trabalho criados nos governos do PT foram ocupados por jovens entre 18 e 24 anos. No entanto, quase 90% dos destes empregos pagamsalários até R$ 1000.00 por mês. As jovens negras e a comunidade LGBT sofrem ainda mais no mercado de trabalho, ocupando funções terceirizadas e precárias.

À falta de educação e de trabalho dignos soma-se a completa ausência de políticas públicas nas áreas de cultura, arte e esporte. A juventude da periferia sofre mais com isso, sem acesso a parques, clubes, centros esportivos, cinemas,teatros etc. Os jovens não têm direito à cidade. O acesso da juventude ao lazer é restrito ainda mais pelo encarecimento do transporte coletivo.

O trânsito e o sufoco no transporte aumentam a jornada de trabalho. As tarifas caras, por sua vez, impedem a juventude da periferia de ocupar o espaço público, que está cada vez mais privatizado. A superlotação dos ônibus, trens e metrôs atingem especialmente as mulheres jovens, que ficam suscetíveis ao assédio sexual.

A violência urbana é uma triste realidade, em especial na periferia das grandes cidades. A juventude negra vive uma pena de morte informal, no meio do fogo cruzado entre a polícia e o crime organizado. A guerra às drogas faz vítimas inocentes, matando jovens negros e pobres todos os dias.

 ​O machismo, o racismo, a LGBTfobia têm reflexos específicos na juventude, pois se combinam com a opressão geracional. As pressões do padrão de beleza, as cantadas, estupros, o controle da família e dos namorados atingem mais as jovens.

A juventude negra é mais vulnerável ao racismo de Estado, da Justiça e da PM. O preconceito contra a comunidade LGBT começa em casa e, depois, é sentido na escola e nas ruas, onde agressões verbais e físicas são recorrentes.

Quando a juventude se rebela contra essa vida de exploração e opressão e se mobiliza, enfrenta uma escalada de repressão e criminalização das lutas e dos ativistas. No Brasil,desde as manifestações de junho passado, temos cerca de dois mil jovens sendo investigados pela Polícia, entre eles muitos já foram presos e outros tantos aguardam julgamento.

 

Marina Silva é o novo?

​O discurso da candidata em nome da nova política suprapartidária, nem de esquerda e nem de direita, parece muito diferente das outras candidaturas da ordem, mas representa, na verdade, uma pequena mudança para tudo continuar como está.

​Nas eleições presidenciais de 2010, quando ainda era do PV, Marina teve como seu candidato a vice um grande empresário, o dono da Natura, Guilherme Leal, o 13º homem mais rico do Brasil, cuja empresa foi acusada pelo Ministério Público Federal de “biopirataria” no Acre.

Sua campanha, em 2010, também foi financiada por grandes empreiteiras. A construtora Andrade Gutierrez investiu 1,1 milhões de reais e a Camargo Correa doou 1,0milhão de reais. Entre os apoiadores da Rede de Marina estão fundadores do PSDB, como Walter Feldman, e a herdeira do banco Itaú, Maria Alice Setúbal.

A origem pobre de Marina Silva e sua trajetória de luta em defesa dos povos da floresta, ao lado do líder seringueiro Chico Mendes, ficaram no passado. Hoje, Marina Silva mudou de lado e prefere os acordos com o agronegócio.

Seu tempo de ministra do Meio Ambiente no governo Lula demonstrou essa transformação. Na época, a ministra assinou a liberação do cultivo de sementes transgênicas e desmembrou o IBAMA para facilitar a concessão de licenças ambientais. Defendia, igualmente, que “a floresta precisa ter um valor econômico” para ser preservada. Por isso, criou a Lei de Gestão de Florestas Públicas, autorizando a concessão das florestas nacionais para exploração privada.

Unir trabalhadores e empresários no mesmo governo não é novidade. É justamente o que o PT de Dilma vem fazendo há doze anos. Com isso, transmitiu a falsa ideia de que é possível governar com todos, sem escolher um lado. É justamente essa a ideia central que Marina repete quando fala de nova política.

Além de seus compromissos com grandes empresários, Marina Silva também possui muitos acordos com os setores mais conservadores da política brasileira, principalmente coma bancada homofóbica e o pastor Silas Malafaia.

O famoso inimigo da comunidade LGBT, apoiador do Pastor Everaldo, declarou apoio à candidatura do PSB no segundo turno, depois que Marina retirou de seu programa de governo a criminalização da homofobia, a Lei João Nery de identidade de gênero e o casamento igualitário.

 

Zé Maria, um operário que não mudou de lado!

A juventude do PSTU tem um lado, o lado das lutas e da classe trabalhadora. Em nossa opinião, a força social que pode mudar de vez o Brasil só pode ser construída com a unidade entre a juventude e os trabalhadores do campo e da cidade. A política feita nas ruas e greves é diferente, é nosso instrumento para mudar o mundo. As mudanças que o país precisa virão das lutas e não do jogo eleitoral, dominado pelo poder econômico.

​A experiência negativa de uma parcela das novas gerações com os doze anos de governos do PT abre a possibilidade de superarmos o projeto de conciliação de classes, do governo para todos. Não é possível atender, ao mesmo tempo, aos interesses dos banqueiros e do povo pobre.

​O Brasil se aproxima de uma crise econômica e os mais ricos, que sempre governaram o país, vão exigir do próximo governo mais ataques aos direitos sociais, ao emprego e às condições de vida da juventude trabalhadora.

As grandes empresas e multinacionais investem tanto nas candidaturas de seus aliados porque querem cobrar a conta depois das eleições, com aumentos do preço das passagens, cortes nos investimentos em educação e saúde,pagamento da dívida pública, novas isenções fiscais, superávit primário e juros altos para os bancos.

As campanhas de Dilma e Aécio vão gastar, respectivamente, R$ 298 milhões e R$ 290 milhões de reais. Já Marina Silva pretender fazer sua “nova política” gastando mais de R$ 150 milhões em sua campanha eleitoral. Todo esse dinheiro vem, principalmente, de empreiteiras, do agronegócio e bancos.  

​Nessas eleições, até o PSOL pediu, mais uma vez,financiamento da iniciativa privada, do grupo de supermercados Zaffari. Algumas de suas principais figuras públicas, inclusive, já declararam apoio à Marina Silva, como Randolfe Rodrigues. Heloísa Helena, candidata ao Senado, por sua vez, fechou acordos com o PSDB em Alagoas.

​A independência financeira é a primeira condição da autonomia política. Quem quer representar um programa que expresse as reivindicações dos trabalhadores e da juventude não pode ter rabo preso com os patrões. Por isso, temos muito orgulho de fazer a campanha de nosso camarada Zé Maria, operário metalúrgico e dirigente nacional da CSP-Conlutas, central sindical e popular.

Zé Maria começou muito cedo a lutar, sendo preso pela Ditadura no final dos anos 70. Mais tarde fundou o PT e a CUT, mas nunca mudou de lado. Em 1994, quando o PT já começava a abandonar as ruas e priorizar as eleições, ajudou a construir o PSTU, um partido das lutas e do socialismo. ​

​Nossa candidatura quer fortalecer as mobilizações em defesa dos interesses da juventude e da classe trabalhadora. Vamos apresentar as reivindicações que os governantes fingem não ouvir, que foram levantadas nas greves e manifestações de ruas.

​Venha conosco, junte-se à juventude do PSTU. Estamoscom os trabalhadores para mudar o Brasil de vez, estamos com Zé Maria 16!